Esse Blog tem como objetivo discutir a produção do patrimônio cultural brasileiro e a sua permanência. Os AMIGOS DOS MUSEUS atuam diretamente de Goiânia, capital do Estado de Goiás. Coração do Brasil. Do cerrado para o mundo!
sábado, outubro 27, 2007
FERNANDO KREBS
Fernando Krebs fala ao semanário O Jornal de Goiás sobre os escândalos políticos em Goiás. Segundo o jornal, com seu estilo independente e determinado, Fernando Krebs conseguiu, em poucos anos de exercício da função em Goiás, imprimir uma nova dinâmica na ação na Defesa do Patrimônio Público mantendo-se incólume à pressão política, tão em voga no Estado.
O Blog DITOS E MALDITOS republicou a entrevista que vale a leitura atenta. Para ler http://www.ditosemalditos.blogspot.com/ .
Boa leitura.
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ditosemalditos;escandalos politicos,
Fernando Krebs;Goiás
domingo, outubro 21, 2007
MUSEU OU BREJO ?
Robson Outeiro que é Administrador de Empresas, com curso de Gestão Estratégica em Gerência e Marketing Cultural na Fundação Uni-Rio publico no jornal O GLOBO um excelente artigo sobre o papel do museu. Qual sua função?
Ora, os museus no geral trabalham com a temática do poder e memória. Os objetos reconhecidos como “peça de museu” possuem em si um valor “atribuído”. E essa atribuição acontece quando um determinado objeto é retirado do seu contexto original e levado para um outro espaço – museu – e mais especificamente, quase sempre, para uma Reserva Técnica, e posteriormente pesquisados, utilizados com a finalidade de entretenimento e educação.
Mas que objetos são esses? Aqueles nos quais são identificados valores, sejam históricos, artísticos que demonstrem a capacidade construtiva e inventiva de um povo.
O Museu de Arte de Goiânia, instalado em um parque público, e por isso, mesmo ativo desde a década de 70, é considerado como um obstáculo a ânsia verdolenga dos ambientalistas de província goianiense. Que odeiam museus e gatos.
A gritaria da turma do verde, não é tão terrível quanto o descaso da direção - uma diretora laranja e um falso diretor - com o seu acervo, a ausência de políticas para exposição e de programas de capacitação dos servidores envolvidos nas atividades das áreas técnicas.
Depois de um longo período de estiagem, 5ª feira, 18/10, a noite, finalmente choveu. Alegria e comemoração para uns e para o MAG, o caos. Novamente a sua reserva técnica foi inundada. E para piorar, a sua equipe técnica, que segundo o site da instituição “ empenha-se para preservar o acervo do museu “ só percebeu a inundação da reserva técnica, no meio da tarde da sexta-feira, e como já era tarde, as ações de contenção dos danos ficaram para 2ª feira. E choveu novamente na madrugada do domingo. Quase uma semana, o que restará intacto desse acervo?
O MAG é o maior exemplo da política cultural mesquinha e provinciana adotada pela administração pública goianiense, marcada por perseguição a servidor público e pela impermeabilização geral da cidade.
Afinal que museu é esse? Em 2004 ouvi de uma figura muito interessante que em determinando momento andou por essas paragens, que as artes em Goiás viviam o inusitado de possuir dois museus dedicados ao tema, um situado em uma sobreloja e o outro no meio de um brejo. Existe verdade maior que essa? Existe sim. Um dos museus, o MAG não apenas está situado em meio a um brejo, transformou-se ele próprio em um.
Retomando ao discurso anterior, qual o valor atribuído as obras de arte que compõem o acervo inundando do MAG? De acordo com as ações da SECULT esse acervo é LIXO. E como tal é tratado. A chuva que caiu e molhou o acervo tem culpa? A ira divina? Não. Gestores públicos incapazes de compreender a função do museu na sociedade, imaginam que política cultural é fazer festival para aparecer na mídia. São escritores de dezenas de artigos pregando amor e fraternidade entretanto, o que buscam é “o faz de conta”. Fraternidade só entre irmãos de fé. Aleluia Senhor!
E a província aceita, a imprensa- dependente de recursos públicos- bate palmas para o reino do faz de conta, olvidam que no futuro, arqueólogos pesquisando a civilização que habitou, se perguntará, que povo foi esse? E não terão respostas por que não acharão registros material dessa civilização. Talvez, por ironia, quem sabe, encontrem um livrinho mal escrito e repleto de erros, com a logomarga do Simple Life e ai então, entreolhando-se dirão: “Mas que raios de povo... ???”
A leitura do artigo NOS BRAÇOS DO MUSEU é recomendada para quem gosta do assunto. Quanto ao caso do MAG vote nele para uma das 7 MARAVILHAS INUNDADAS DE GOIÂNIA, o concurso vale um montão de brindes!
Para votar siga o link http://www.interativafm.net/promocoes.php?id=549 .
Nos braços do Museu
Por Robson Outeiro
Hoje em dia, a real função de um Museu é muito discutida e debatida. Seria entreter? Ou seria educar? No âmbito de suas inúmeras atribuições - dentre elas algumas festeiramente induzidas - , poderíamos até dizer que o Museu seria mais um ativo na difícil e árdua tarefa que se tornou o simples ato de "educar". No berço das instituições Família e Escola, o Museu teria também o seu papel agregador = educador de alguma forma. Mas, pergunto: vivemos isso ou todo esse blá blá blá é mais um foco que acendemos à luz da discussão?
Não é de hoje que ouço dizer que a Educação por aí não anda bem das pernas. E, também que a tal instituição "Família" já pedira falência. E, que os Museus... Ah! Esses sim existem por força de alguém ter encontrado o caminho das Índias - tendo como guia o mapa do Mecenato!
É meio estranho, e ao mesmo tempo um tanto repetitivo e debochado, afirmar a essa altura que a Educação não existe sem a Cultura. A base do instruir está na leitura e, também, no atemporal que buscou seu refúgio no seio de cada Museu. Hoje, o passado, o presente e o futuro não existem, já que a produção artística sustenta o seu processo criativo ou se recria sob referências - é como tomar um copo d'água, abrindo aspas para uma breve licença poética.
A Cultura, por ser Cultura, bravamente se reiventa para sobreviver. Pelo menos consegue manter o nariz fora d'água em meio à inundação caótica que se tornou a sua perpetuação. Como um épico, o Museu é a casa da Cultura e de todos os seus filhos-gêneros. E, vendo esse lar como a casa da boa e velha mãe Joana, poderia abrigar - por que não? - sob as suas longas e pesadas asas, a conhecida "mãe solteira" Educação, que como uma árdua-guerreira segue lutando feroz pelos seus.
Contrariando Le Corbusier, que há tanto atacou em seus pensamentos a real necessidade de um museu como componente fundamental da vida humana como o pão, a bebida, a religião e a ortografia, temo dizer que o seu pensar ecoou, ou melhor, continua ecoando desde que Brasília saiu do papel para se tornar um modelo de cidade modernista. Isso porque, aos olhos dos seus criadores, que jamais poderiam prever que na falta de um grande Museu no seu projeto original, Brasília - no âmago de suas edificações - se tornaria um grande presídio a céu aberto.
Mas, não quero levar o assunto a longas discordâncias. O fato é que o papel dos Museus hoje em dia está muito aquém do que se espera, sendo eles o abrigo da Educação e da Cultura.
Na busca de sua sobrevivência ou pela sobrevivência da sua própria condição muitos Museus se reinventaram ou foram reinventados. Hoje:
1) temos os chamados Museus Blockbusters - os que espertamente descobriram o filão do varejo e se patentearam, sobrevivendo da venda direta ou consignada de lápis e canecas;
2) temos os chamados Museus Históricos, que por serem públicos - e sinônimo de qualquer coisa pública é sofrível - se esforçam para manter a poeira longe dos seus acervos - salvo alguns casos;
3) temos o MASP, que como um bom clube de futebol falido só vive do seu passado de glórias;
4) temos ainda o MAC de Niterói, o MON, o Museu da Língua Portuguesa e muitos outros que ainda estão por vir como o Museu do Futebol, o Museu da Criança, o Museu do Meio Ambiente, e por que não um Guggenheim ou um Pompidou aproveitando a balbúrdia em série? A pergunta é: temos fôlego para toda essa festa? O Museu seria um bom negócio ao ponto de darmos a ele a condição de um shopping?
Não que eu seja contrário a essa idéia se a condição for a sua própria sobrevivência. Entretanto, o Museu é a vitrine de um povo, a residência de sua essência criativa, não podemos trazer aos olhos daqueles que o procuram como um agente agregador = educador uma simples etiqueta com preço! Nos seus braços existe uma força maior: a do aprendizado.
Robson Outeiro é formado em Administração de Empresas, com curso de Gestão Estratégica em Gerência e Marketing Cultural na Fundação Uni-Rio
http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2007/09/21/297828728.asp
Publicada em 21/09/2007 jornal O GLOBO
Ora, os museus no geral trabalham com a temática do poder e memória. Os objetos reconhecidos como “peça de museu” possuem em si um valor “atribuído”. E essa atribuição acontece quando um determinado objeto é retirado do seu contexto original e levado para um outro espaço – museu – e mais especificamente, quase sempre, para uma Reserva Técnica, e posteriormente pesquisados, utilizados com a finalidade de entretenimento e educação.
Mas que objetos são esses? Aqueles nos quais são identificados valores, sejam históricos, artísticos que demonstrem a capacidade construtiva e inventiva de um povo.
O Museu de Arte de Goiânia, instalado em um parque público, e por isso, mesmo ativo desde a década de 70, é considerado como um obstáculo a ânsia verdolenga dos ambientalistas de província goianiense. Que odeiam museus e gatos.
A gritaria da turma do verde, não é tão terrível quanto o descaso da direção - uma diretora laranja e um falso diretor - com o seu acervo, a ausência de políticas para exposição e de programas de capacitação dos servidores envolvidos nas atividades das áreas técnicas.
Depois de um longo período de estiagem, 5ª feira, 18/10, a noite, finalmente choveu. Alegria e comemoração para uns e para o MAG, o caos. Novamente a sua reserva técnica foi inundada. E para piorar, a sua equipe técnica, que segundo o site da instituição “ empenha-se para preservar o acervo do museu “ só percebeu a inundação da reserva técnica, no meio da tarde da sexta-feira, e como já era tarde, as ações de contenção dos danos ficaram para 2ª feira. E choveu novamente na madrugada do domingo. Quase uma semana, o que restará intacto desse acervo?
O MAG é o maior exemplo da política cultural mesquinha e provinciana adotada pela administração pública goianiense, marcada por perseguição a servidor público e pela impermeabilização geral da cidade.
Afinal que museu é esse? Em 2004 ouvi de uma figura muito interessante que em determinando momento andou por essas paragens, que as artes em Goiás viviam o inusitado de possuir dois museus dedicados ao tema, um situado em uma sobreloja e o outro no meio de um brejo. Existe verdade maior que essa? Existe sim. Um dos museus, o MAG não apenas está situado em meio a um brejo, transformou-se ele próprio em um.
Retomando ao discurso anterior, qual o valor atribuído as obras de arte que compõem o acervo inundando do MAG? De acordo com as ações da SECULT esse acervo é LIXO. E como tal é tratado. A chuva que caiu e molhou o acervo tem culpa? A ira divina? Não. Gestores públicos incapazes de compreender a função do museu na sociedade, imaginam que política cultural é fazer festival para aparecer na mídia. São escritores de dezenas de artigos pregando amor e fraternidade entretanto, o que buscam é “o faz de conta”. Fraternidade só entre irmãos de fé. Aleluia Senhor!
E a província aceita, a imprensa- dependente de recursos públicos- bate palmas para o reino do faz de conta, olvidam que no futuro, arqueólogos pesquisando a civilização que habitou, se perguntará, que povo foi esse? E não terão respostas por que não acharão registros material dessa civilização. Talvez, por ironia, quem sabe, encontrem um livrinho mal escrito e repleto de erros, com a logomarga do Simple Life e ai então, entreolhando-se dirão: “Mas que raios de povo... ???”
A leitura do artigo NOS BRAÇOS DO MUSEU é recomendada para quem gosta do assunto. Quanto ao caso do MAG vote nele para uma das 7 MARAVILHAS INUNDADAS DE GOIÂNIA, o concurso vale um montão de brindes!
Para votar siga o link http://www.interativafm.net/promocoes.php?id=549 .
Nos braços do Museu
Por Robson Outeiro
Hoje em dia, a real função de um Museu é muito discutida e debatida. Seria entreter? Ou seria educar? No âmbito de suas inúmeras atribuições - dentre elas algumas festeiramente induzidas - , poderíamos até dizer que o Museu seria mais um ativo na difícil e árdua tarefa que se tornou o simples ato de "educar". No berço das instituições Família e Escola, o Museu teria também o seu papel agregador = educador de alguma forma. Mas, pergunto: vivemos isso ou todo esse blá blá blá é mais um foco que acendemos à luz da discussão?
Não é de hoje que ouço dizer que a Educação por aí não anda bem das pernas. E, também que a tal instituição "Família" já pedira falência. E, que os Museus... Ah! Esses sim existem por força de alguém ter encontrado o caminho das Índias - tendo como guia o mapa do Mecenato!
É meio estranho, e ao mesmo tempo um tanto repetitivo e debochado, afirmar a essa altura que a Educação não existe sem a Cultura. A base do instruir está na leitura e, também, no atemporal que buscou seu refúgio no seio de cada Museu. Hoje, o passado, o presente e o futuro não existem, já que a produção artística sustenta o seu processo criativo ou se recria sob referências - é como tomar um copo d'água, abrindo aspas para uma breve licença poética.
A Cultura, por ser Cultura, bravamente se reiventa para sobreviver. Pelo menos consegue manter o nariz fora d'água em meio à inundação caótica que se tornou a sua perpetuação. Como um épico, o Museu é a casa da Cultura e de todos os seus filhos-gêneros. E, vendo esse lar como a casa da boa e velha mãe Joana, poderia abrigar - por que não? - sob as suas longas e pesadas asas, a conhecida "mãe solteira" Educação, que como uma árdua-guerreira segue lutando feroz pelos seus.
Contrariando Le Corbusier, que há tanto atacou em seus pensamentos a real necessidade de um museu como componente fundamental da vida humana como o pão, a bebida, a religião e a ortografia, temo dizer que o seu pensar ecoou, ou melhor, continua ecoando desde que Brasília saiu do papel para se tornar um modelo de cidade modernista. Isso porque, aos olhos dos seus criadores, que jamais poderiam prever que na falta de um grande Museu no seu projeto original, Brasília - no âmago de suas edificações - se tornaria um grande presídio a céu aberto.
Mas, não quero levar o assunto a longas discordâncias. O fato é que o papel dos Museus hoje em dia está muito aquém do que se espera, sendo eles o abrigo da Educação e da Cultura.
Na busca de sua sobrevivência ou pela sobrevivência da sua própria condição muitos Museus se reinventaram ou foram reinventados. Hoje:
1) temos os chamados Museus Blockbusters - os que espertamente descobriram o filão do varejo e se patentearam, sobrevivendo da venda direta ou consignada de lápis e canecas;
2) temos os chamados Museus Históricos, que por serem públicos - e sinônimo de qualquer coisa pública é sofrível - se esforçam para manter a poeira longe dos seus acervos - salvo alguns casos;
3) temos o MASP, que como um bom clube de futebol falido só vive do seu passado de glórias;
4) temos ainda o MAC de Niterói, o MON, o Museu da Língua Portuguesa e muitos outros que ainda estão por vir como o Museu do Futebol, o Museu da Criança, o Museu do Meio Ambiente, e por que não um Guggenheim ou um Pompidou aproveitando a balbúrdia em série? A pergunta é: temos fôlego para toda essa festa? O Museu seria um bom negócio ao ponto de darmos a ele a condição de um shopping?
Não que eu seja contrário a essa idéia se a condição for a sua própria sobrevivência. Entretanto, o Museu é a vitrine de um povo, a residência de sua essência criativa, não podemos trazer aos olhos daqueles que o procuram como um agente agregador = educador uma simples etiqueta com preço! Nos seus braços existe uma força maior: a do aprendizado.
Robson Outeiro é formado em Administração de Empresas, com curso de Gestão Estratégica em Gerência e Marketing Cultural na Fundação Uni-Rio
http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2007/09/21/297828728.asp
Publicada em 21/09/2007 jornal O GLOBO
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