domingo, dezembro 31, 2006

FELIZ 2007

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Desejo que 2007 seja o ano em que cansados de poupar a vida deixemos de nos acostumar .

EU SEI MAS NÃO DEVIA
Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz.E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado.
A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá para almoçar.A sair do trabalho porque já é noite.A cochilar no ônibus porque está cansado.A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.E a pagar mais do que as coisas valem.E a saber que cada vez pagará mais.E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição.Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.À luz artificial de ligeiro tremor.Ao choque que os olhos levam na luz natural.Às bactérias de água potável.A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma.

Nota: Este texto de Marina Colasanti (que foi grande amiga de Clarice) foi publicado em seu livro de mesmo nome (Eu sei, mas não devia - Ed. Rocco - Rio de Janeiro - 1996). Com este livro Marina conquistou um prêmio Jabuti.
Fonte: http://www.paralerepensar.com.br/poemando.htm

sábado, dezembro 30, 2006

sexta-feira, dezembro 29, 2006

quinta-feira, dezembro 28, 2006

BOAS NOVAS !

2007 ao que tudo indica será um grande ano para os gostam da temática da preservação do Patrimônio Cultural.

O IPHAN através da 14ª Superintendência Regional e em parceria com a 13ª SR preparam um inventário da cultura material e imaterial do caipira em Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. O jornal O POPULAR publicou uma matéria completa sobre o assunto que também pode ser lida no site do GOIASNET.

"Patrimônio caipira mapeado

por Malu Longo

Goiânia, 28/12/06 - As fazendas com traços coloniais, as quitandas, a carne de lata, o pouso de folia, as orações e devoções aos santos. Esses são apenas alguns dos elementos que integram o patrimônio material e imaterial da cultura caipira em Goiás que, a partir de 2007, farão parte de um inventário preparado pela 14ª Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A ação, meta central do órgão para o próximo ano, vai atingir ainda Mato Grosso e Minas Gerais, numa parceria com a 13ª Superintendência.
Continua ..."

E a 14ª SR do IPHAN promete ainda que em 2007 o patrimônio art déco do Estado de Goiás será mapeado, dando continuidade a proposta que em 2003 tombou como patrimônio histórico e arquitetônico nacional o art déco e o traçado urbano do centro da cidade de Goiânia.

A superintendente da 14ª SR informa que o Governo Federal irá liberar verbas em 2007 para o restauro de parte do patrimônio tombado em Goiânia.

A matéria completa pode ser lida no site do jornal O POPULAR, infelizmente apenas para assinantes.

Em todo caso, o povo de Porangatu avisa que a Av. Floriano Peixoto no trecho entre a igreja da matriz de Nossa Senhora da Piedade e a praça Velha possui excelentes exemplares do art déco. E ainda que no novo plano diretor da cidade, o perímetro de tombamento da cidade Velha será ampliando para proteger também, além do colonial, o estilo art déco.

Para quem não sabe, Porangatu é uma cidade com quase 45 mil habitantes, um estilo de vida de boa qualidade e um povo que considera cultura como meio de vida. E é lá que acontece um dos melhores festivais de teatro do Estado de Goiás, o TENPO.

É claro que a cidade seria mais feliz e hospitaleira se entre ela e o mundo não houvesse a BR- 153 que em determinados trechos representa um grande perigo, tal o estado de degradação.

Parabéns ao IPHAN pela iniciativa!

domingo, dezembro 24, 2006

FELIZ NATAL

POEMA DE NATAL
Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses Mãos para colher o que foi dado Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes, poeta e diplomata na linha direta de Xangô. Saravá! No poema acima temos retratado aquele que, para muitos, é um evento triste.
O acima foi foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 147.Conheça a vida e a obra do autor em "Biografias".

Que o Natal de 2006 seja como o poema de Vinicius " a esperança do milagre" de um mundo melhor e de paz.

São os nossos votos.

Deolinda






sábado, dezembro 16, 2006

SOBRE CONFERÊNCIAS E ASSÉDIO MORAL

Ao desavisados e avisados que compareceram à 4ª Conferência Municipal de Cultura de Goiânia a sentença anulatória da 3ª Conferência Municipal de Cultura pode ser linda na integra no seguinte link http://entreatos.blogspot.com/2006/11/blog-post.html .

E aqueles, servidores públicos que foram “obrigados” a comparecer sob ameaça de terem o seu ponto cortado e aos que foram “constrangidos, humilhados e assediados” por afirmarem que não iriam, segue ai alguma dicas:

Assédio moral no trabalho é crime e para os que sequer suspeitam que sejam vítimas de um crime, segue abaixo algumas definições e dicas:
“Assédio moral no trabalho é a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego.

Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização.

A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o 'pacto da tolerância e do silêncio' no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, 'perdendo' sua auto-estima.

O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do 'novo' trabalhador: 'autônomo, flexível', capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualificado e empregável. Estas habilidades o qualificam para a demanda do mercado que procura a excelência e saúde perfeita.

Estar 'apto' significa responsabilizar os trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego, aumento da pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos trabalhadores um sofrimento perverso.

A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental*, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho. “
Fonte: http://www.assediomoral.org/site/assedio/AMconceito.php
E ainda, as dicas do que a vítima pode fazer e a onde denunciar:
O que a vítima deve fazer?
  1. Resistir: anotar com detalhes todas as humilhações sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam, conteúdo da conversa e o que mais você achar necessário).
  2. Dar visibilidade, procurando a ajuda dos colegas, principalmente daqueles que testemunharam o fato ou que já sofreram humilhações do agressor.
  3. Organizar. O apoio é fundamental dentro e fora da empresa.
  4. Evitar conversar com o agressor, sem testemunhas. Ir sempre com colega de trabalho ou representante sindical.
  5. Exigir por escrito, explicações do ato agressor e permanecer com cópia da carta enviada ao D.P. ou R.H e da eventual resposta do agressor. Se possível mandar sua carta registrada, por correio, guardando o recibo.
  6. Procurar seu sindicato e relatar o acontecido para diretores e outras instancias como: médicos ou advogados do sindicato assim como: Ministério Público, Justiça do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos e Conselho Regional de Medicina (ver Resolução do Conselho Federal de Medicina n.1488/98 sobre saúde do trabalhador).
  7. Recorrer ao Centro de Referencia em Saúde dos Trabalhadores e contar a humilhação sofrida ao médico, assistente social ou psicólogo.
  8. Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas, pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para recuperação da auto-estima, dignidade, identidade e cidadania.
    Importante:
    Se você é testemunha de cena(s) de humilhação no trabalho supere seu medo, seja solidário com seu colega. Você poderá ser "a próxima vítima" e nesta hora o apoio dos seus colegas também será precioso. Não esqueça que o medo reforça o poder do agressor!
    Lembre-se:
    O assédio moral no trabalho não é um fato isolado, como vimos ele se baseia na repetição ao longo do tempo de práticas vexatórias e constrangedoras, explicitando a degradação deliberada das condições de trabalho num contexto de desemprego, dessindicalização e aumento da pobreza urbana.

A batalha para recuperar a dignidade, a identidade, o respeito no trabalho e a auto-estima, deve passar pela organização de forma coletiva através dos representantes dos trabalhadores do seu sindicato, das CIPAS, das organizações por local de trabalho (OLP), Comissões de Saúde e procura dos Centros de Referencia em Saúde dos Trabalhadores (CRST e CEREST), Comissão de Direitos Humanos e dos Núcleos de Promoção de Igualdade e Oportunidades e de Combate a Discriminação em matéria de Emprego e Profissão que existem nas Delegacias Regionais do Trabalho.

O basta à humilhação depende também da informação, organização e mobilização dos trabalhadores. Um ambiente de trabalho saudável é uma conquista diária possível na medida em que haja "vigilância constante" objetivando condições de trabalho dignas, baseadas no respeito 'ao outro como legítimo outro', no incentivo a criatividade, na cooperação.

O combate de forma eficaz ao assédio moral no trabalho exige a formação de um coletivo multidisciplinar, envolvendo diferentes atores sociais: sindicatos, advogados, médicos do trabalho e outros profissionais de saúde, sociólogos, antropólogos e grupos de reflexão sobre o assédio moral.

Estes são passos iniciais para conquistarmos um ambiente de trabalho saneado de riscos e violências e que seja sinônimo de cidadania. Fonte: http://www.assediomoral.org/site/assedio/AMfazer.php

E título de informação está previsto no Código Penal na Parte Especial, Título I, Dos Crimes Contra a Pessoa,Capítulo VI,Dos Crimes Contra a Liberdade Individual; Seção I ;Dos Crimes Contra a Liberdade Pessoal; do Constrangimento Ilegal
“Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.”

E acrescentaria:

Você que assistiu a tudo e por medo ou acomodamento e principalmente por acreditar que com você não acontecerá o mesmo, cala-se, creia, você poderá ser a próxima vítima.

Calando-se e não sendo solidário com seu colega, apenas contribui para perpetuar no ambiente de trabalho um estado de terror psicológico que vai te acompanhar dentro e fora do local onde a prática de assédio moral é comum.

E você perceberá que o que era antes um trabalho prazeroso tornou-se fonte de sofrimento, só de pensar que terá de comparecer a um ambiente onde o “seleto chefe” em um ataque de nervos e histeria poderá “humilhar, constranger, usar de palavras de baixo calão e outros meios”, sentir-se-á doente e incapacitado.

E vale lembrar, colega, servidor concursado, que de 04 em 04 anos a gestão pública sofre mudanças, devido ao cenário político local e você colecionará até se aposentar, muitos “seletos indivíduos” apaniguados dos políticos da hora. E entre tais indivíduos, nem todos é claro, você e seus colegas encontrarão aqueles que são adeptos da prática do assédio moral no trabalho como forma de gestão.

E quando isso acontece e você silencia, quem sabe, se não seria interessante começar a colocar na balança da sua vida o preço que pagará por participar e compactuar, calando-se, na sua saúde, no seu trabalho profissional e no coletivo, o preço da sua vida e a de seus colegas assediados.

Assédio moral no trabalho é crime, denuncie,e apoie o seu colega vitimado e não seja você o próximo. Um ambiente de trabalho saudável é tudo de bom e é acima de tudo uma conquista. Unidos são fortes, isolados são apenas vítimas impotentes.

Fonte de pesquisa sobre o assunto: http://www.assediomoral.org/site/

http://www.pgt.mpt.gov.br/pgtgc/

http://www.mte.gov.br/

domingo, dezembro 10, 2006

ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA NO CHILE



Divino Sobral é um dos 13 artistas contemporâneos a expor no Chile.

Para quem não sabe, Sobral, além do trabalho de arte, desenvolve curadorias e ainda é um teórico da arte contemporânea.

E mora em Goiânia.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

EXPOSIÇÃO NO MUSEU ANTROPOLÓGICO DA UFG
















O Museu Antrológico da UFG abre a sua nova exposição permanente, no dia 11 de dezembro, as 20 horas.

Vale a pena conferir!

SOBRE CAMINHADAS E CHEGADAS, VÃ FILOSOFIA

Vã filosofia

Pedro Paulo das Chagas *

Tem gente que sempre caminha pra frente
Tem gente que ainda não sabe caminhar
Vive reclamando e fica na rabeira
Comendo poeira
Vendo com saudade o tempo passar

Oh! Gente do samba gente da viola
Preste atenção no que vou falar
É a filosofia mais pura da vida
Vai deixar ferida
Na gente sem dom para acreditar

Tem gente que faz de pedra no caminho
Um grande obstáculo pra não caminhar
Tem gente que trilha o caminho do rio
Encara o desafio
Contornando a pedra e chegando ao mar

Tem gente que fala por todos os lados
Tem gente que cala para escutar
Tem gente que usa o silêncio dosado
Às vezes calado
Conquista o mundo sem desesperar

Tem gente que vê nos feitos dos outros
Todos os motivos para invejar
Tem gente que busca o espelho do vizinho
E traça o caminho
Com destino certo de onde quer chegar

Tem gente que pensa que a felicidade
Está bem distante não vai te achar
Tem gente que crê ter a capacidade
De ter felicidade
Em qualquer recanto onde se encontrar

Goiânia, junho de 2000

*Pedro Paulo é ex Conselheiro de Cultura de Goiânia e enviou esse poema com o seguinte recado "
Meus caros,
Um Natal com muito feijão, cachaça e torresmo!
Ou melhor, sem fome.
Abraços
Pedro Paulo"

CASARÃO NO PELOURINHO INCENDIADO

INCÊNDIO NO PELOURINHO SE ALASTRA E ATINGE OUTRO IMÓVEL

Da Rede Bahia e do Jornal Nacional

Área foi evacuada pelo Corpo de Bombeiros
Equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar estão encontrando dificuldade para controlar o incêndio na Rua Santa Isabel, no Pelourinho, em Salvador, já que as labaredas estão muito altas.

O fogo, que começou no início da noite desta quarta-feira (6), está se alastrando e já atingiu um outro imóvel: o Bar Mestiço. O incêndio começou em um casarão que reúne, no primeiro andar, a sede da Associação da Eterna Juventude e, no térreo, o Bar Epiderme Negra.

Segundo informações do Corpo de Bombeiros, as chamas são muito grandes. A área foi evacuada.

Na instituição para idosos onde começou o fogo, havia muito material plástico usado na confecção de fantasias para o carnaval.

O vento forte espalhou as chamas rapidamente e, segundo uma tenente dos bombeiros, alguns hidrantes estão sem água. Ainda não há informações de feridos.

Veja o vídeo do Jornal Nacional
http://gmc.globo.com/GMC/1,,2465-p-M597171,00.html

O incêndio no Pelourinho é apenas mais um ocasionado pela ausência de política de prevenção à sinistros em patrimônio histórico. Só para lembrar a igreja de Mariana - MG, a de Pirenópolis - GO e nem por isso, algumas regras básicas de prevenção foram adotadas.

Dá para imaginar a possibilidade de usar um prédio tombado com patrimônio histórico nacional, como deposito de material inflamável? É um bom método de tombamento - literalmente.

Há alguns anos no MAG houve um incêndio em uma minúscula sala ao lado do Lab. de Restauração. Além do risco de explosão se o fogo tivesse avançado para o armário de solventes da sala de restauro, tudo começou por que nessa sala, um competente administrador guardava tudo que sobrava no prédio, e também tintas e solventes, além de espuma usada para prática de esportes.

O resultado não podia ser outro, um curto circuito e o fogo começou.Sorte do MAG a eficiência dos bombeiros.

É necessário mudar essa mentalidade que Deus ajuda e nada vai acontecer do brasileiro. Não podemos esquecer que Deus não trabalha no Corpo de Bombeiros e só ajuda a quem trabalha com prevenção. Um programa nacional de prevenção a sinistros está passando de hora de ser implementado. Visando fundamentalmente a mudança de mentalidade, através da educação para pensar no presente como uma garantia para o futuro.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Arqueologia

Caminhos do ouro
Margareth Souza, professora da UEG de Porangatu, desvenda a Estrada Real de Goiás

Cida Almeida
Especial para o DM

Goiânia, 03/12/2006 -Mestre e doutora em Arqueologia pela Universidade de São Paulo, a professora Margareth de Lourdes Souza, da UEG de Porangatu, teve artigo publicado pela revista Nossa História, temas brasileiros, edição especial nº 4, dedicada a desvendar para o leitor os Caminhos Antigos & Estrada Real.

Na reportagem, a professora formada em História assinou um longo estudo sobre a Estrada Real de Goiás, fruto de pesquisa que realiza em conjunto com a Agepel desde janeiro de 2005.

A Estrada Real, ou Estada de Pedra, como é também conhecida, ligava Goiás ao Rio de Janeiro e era o caminho oficial traçado pela Coroa Portuguesa para o transporte do ouro e outras riquezas minerais, para evitar o contrabando.

A pesquisa, feita a partir de um pedido da comunidade, tem o objetivo de integrar essa estrada ao roteiro do turismo histórico na cidade de Goiás. Está em fase de restauração. É sobre o projeto e a pesquisa arqueológica em Goiás, que também acontece em Porangatu, que Margareth fala nesta entrevista.

DM – Com 17 anos de experiência em pesquisa arqueológica, como a senhora vê o campo de atuação em Goiás?
Margareth – O campo é ainda restrito. E o caminho é aberto aos poucos. A fatia que é disputada refere-se às pesquisas denominadas de salvamento, ou como é chamada atualmente, à arqueologia pública – que atuam em empreendimentos de grande e médio portes, como as pequenas centrais hidrelétricas, estradas, polidutos e gasodutos.
DM – O que a atraiu para a pesquisa arqueológica?
Margareth – Poder trabalhar com outras fontes de pesquisa como a fonte arqueológica. Buscar, analisar e interpretar a cultura material.
DM – A Revista Nossa História publicou uma edição especial com um artigo da senhora sobre a Estrada Real de Goiás. O que é o projeto da Estrada Real?
Margareth – Existem várias estradas reais por todo o Brasil. Em Goiás temos a Estrada do Nascente (GO-RJ), Estrada do Anhanguera (passando por Santa Cruz de Goiás/GO-SP), Estrada do Norte, ligando Goiás aos arraiais goianos e à estrada do Poente que vai para Mato Grosso e que é também uma continuidade da Estrada do Nascente.
DM – Qual a importância dessa estrada na época?
Margareth – Era a via de comunicação entre as áreas de mineração com o litoral. Aberta em 1733 em diversas etapas. Foi de suma importância para o escoamento das riquezas minerais para Portugal, mas também foi por ela que houve um trânsito cultural de pessoas e objetos.
DM – Que tipos de levantamentos e de documentação são feitos?
Margareth – Vamos entrar na fase de restauração do trecho 1, que começa ao lado da Fonte da Carioca até a G0-164, mil metros. Na etapa final da elaboração do projeto de restauração de um trecho de mil metros, um trecho que pertence ao município. Todos os levantamentos já foram executados: históricos, topográficos e arqueológicos.
DM – Como surgiu o interesse por esta pesquisa?
Margareth – Em decorrência do pedido de moradores de Goiás, da Secretaria de Turismo. A UEP-Goiás do Monumenta, a Agepel e a ONG Obras Sócias da Diocese de Goiás viabilizaram a pesquisa. Foram esforços reunidos para redescobrir a estrada, com foco no turismo.
DM – Acredita que o público visitante de Goiás poderá ter essa estrada como parte de um roteiro turístico?
Margareth – Este foi o objetivo: o turismo sustentável e que deve gerar renda aos moradores.
DM – A senhora leciona na UEG de Porangatu. O que existe de interessante lá para se pesquisar?
Margareth – Existe uma vastidão de campo de pesquisa, desde a pré-história com os grupos de agricultores ceramistas com suas grandes aldeias às estradas, como a Estrada do Boi, que se interliga à Estrada do Nascente em Goiás. Fiz meu doutorado na região de Serra da Mesa, sobre os agricultores ceramistas.

domingo, dezembro 03, 2006

A casa do natal? Ou da mãe Joana?

Goiânia é uma cidade interessante sob diversos pontos de vista, da qualidade de vida, e ainda pelo seu acervo arquitetônico.

Sob o ponto de vista da qualidade de vida, dentro em breve, se Goiânia não sair do seu sonho de roça asfaltada acordaremos em meio ao caos típicos das grandes metrópoles, e completamente despreparados. E de certo modo, olhando pelo lado da triste realidade do transporte urbano, já vivemos esse caos.

Sob o ponto de vista do acervo arquitetônico, Goiânia nasceu sob o signo da modernidade e do planejamento e possui no seu patrimônio construído um dos maiores acervos do estilo art déco.

E o reconhecimento da importância desse acervo para a história da cidade e do Brasil veio através do processo de tombamento promovido pelo IPHAN. O que tornou Goiânia parte de um seleto grupo de cidades que são reconhecidas como patrimônio cultural do país. Ou seja, goianiense ou não, qualquer brasileiro passa a reconhecer Goiânia na cena cultural como um sítio “art déco”.

Todavia, Goiânia não é apenas uma cidade com arquitetura art déco, como podemos descobrir numa rapdida passada de olhos, que a arquitetura modernista permeia por todos os espaços construídos, ao mesmo tempo bela e destruída.

Por que destruída? Por que são raros os exemplos do estilo que permanecem intactos. Um exemplo clássico é a casa modernista situada na esquina da Rua 10 com Alameda do Botafogo. Da residência com fachada em pano de vidro passou a um edificação sem estilo algum, tais os remendos que fizeram no intuito de adapta-la a novos usos, desde escola, cursinho e até o abandono total.












Na lista encontra-se o pequeno posto Atlantic situado na Avenida Anhangüera esquina com Rua 20. Ativo na década de 60, uma vez desativado passou do abandono até se tornar um estacionamento improvisado. No terreno do fundo todas as construções, casas residenciais foram demolidas e recentemente, uma passagem foi aberta entre um terreno e outro.


E é claro que o postinho como é conhecido será a próxima vítima da ausência de política municipal para preservação do patrimônio cultural da cidade. A Prefeitura de Goiânia na sua ausência de ações positivas, que visem a preservação da história de Goiânia termina por ser a parceira de 1ª e última hora de todos que pretendem demolir o patrimônio edificado. Foi assim que quase todas as casas da Rua 20 desapareceram dando lugar a edifícios de mais de 06 andares, que o Museu Pedro Ludovico Teixeira encontra-se cercado por todos os lados e por ai vai.

E não apenas o patrimônio edificado é vitima do descaso, mas também os documentos históricos como demonstra o repórter Antônio Lisboa na matéria “História jogada às traças” http://www.jornalosucesso.com.br/editoria_materia.php?id=1993
publicada no jornal O SUCESSO, mas também o Museu de Arte de Goiânia.

A situação do arquivo da Prefeitura de Goiânia é conhecida a anos e nada é feito no sentido de contratar arquivistas, conservadores restauradores, pesquisadores, adequação do espaço físico, aquisição de mobiliário adequado àguarda de documentos e climatização.

E a do Museu de Arte de Goiânia também. Dá o que pensar o motivo pelo qual um museu do porte do MAG tenha interessado tanto, a um elemento que utiliza o espaço público para a prática de compra e venda de obras de arte. Curiosamente, o elemento foi “nomeado diretor” por portaria do Secretário Municipal de Cultura, concomitante com um decreto do Prefeito de Goiânia que nomeava uma servidora da Universidade Federal de Goiás e diga-se de passagem não licenciada, ocupante de cargo administrativo e claro esposa de vereador da base do Prefeito. E só ai é possível verificar acumulação indevida de cargos e tráfico de influência. Recentemente a mesma diretora – a que foi sem nunca ter sido – dispensada da função e designada para o cargo de CHEFE DE DIVISÃO DE BIBLIOTECA do Centro Cultural Ouro.

E o incrível, o MAG já dispõe de uma nova diretora, essa é servidora de carreira da Prefeitura de Goiânia e como a outra, se dispõe a fazer o papel de “laranja” para que o seleto elemento continue a transformar o museu em casa da mãe Joana, ops, desculpem, em meio de vida, vendendo obras de arte. http://goiasnet.globo.com/cultura/cul_report.phtm?IDP=6228

Sobre as questões dos licenciamentos concedidos pela Prefeitura de Goiânia, seria interessante saber por onde anda o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico. Seria bobagem perguntar qual papel da Divisão de Patrimônio Histórico da SECULT, mas é interessante descobrir a quem interessa, que um departamento como esse, não consiga se estruturar para fazer o seu papel. Mas talvez o problema seja apenas a máquina que se tornou dinossauro enquanto o mundo se globaliza e exige ações planejadas e decisões fundamentadas em critérios técnicos. O que fica difícil com tantos apaniguados, sem qualificação alguma que pululam no serviço público.

Afinal, não é por que Goiânia possui parte de seu patrimônio tombado pelo IPHAN, que as responsabilidades inerentes à gestão municipal e mesmo a estadual deixaram de existir. Até muito pelo contrário, Goiânia é uma capital, centro nervoso da educação universitária e nada justifica o despreparo dos gestores públicos.

Sobre as questões levantadas os links a seguir contribuem para ampliar a discussão:
http://www.dm.com.br/impresso.php?id=112086&edicao=6598&cck=2
http://www.dm.com.br/impresso.php?id=63451&edicao=6234
http://www.dm.com.br/impresso.php?id=159216&edicao=6927
http://www.dm.com.br/impresso.php?id=163752&edicao=6962&cck=3
http://www.goiania.go.gov.br/Download/legislacao/diariooficial/do20061109.pdf