Caminhos do ouro
Margareth Souza, professora da UEG de Porangatu, desvenda a Estrada Real de Goiás
Cida Almeida
Especial para o DM
Goiânia, 03/12/2006 -Mestre e doutora em Arqueologia pela Universidade de São Paulo, a professora Margareth de Lourdes Souza, da UEG de Porangatu, teve artigo publicado pela revista Nossa História, temas brasileiros, edição especial nº 4, dedicada a desvendar para o leitor os Caminhos Antigos & Estrada Real.
Na reportagem, a professora formada em História assinou um longo estudo sobre a Estrada Real de Goiás, fruto de pesquisa que realiza em conjunto com a Agepel desde janeiro de 2005.
A Estrada Real, ou Estada de Pedra, como é também conhecida, ligava Goiás ao Rio de Janeiro e era o caminho oficial traçado pela Coroa Portuguesa para o transporte do ouro e outras riquezas minerais, para evitar o contrabando.
A pesquisa, feita a partir de um pedido da comunidade, tem o objetivo de integrar essa estrada ao roteiro do turismo histórico na cidade de Goiás. Está em fase de restauração. É sobre o projeto e a pesquisa arqueológica em Goiás, que também acontece em Porangatu, que Margareth fala nesta entrevista.
DM – Com 17 anos de experiência em pesquisa arqueológica, como a senhora vê o campo de atuação em Goiás?
Margareth – O campo é ainda restrito. E o caminho é aberto aos poucos. A fatia que é disputada refere-se às pesquisas denominadas de salvamento, ou como é chamada atualmente, à arqueologia pública – que atuam em empreendimentos de grande e médio portes, como as pequenas centrais hidrelétricas, estradas, polidutos e gasodutos.
DM – O que a atraiu para a pesquisa arqueológica?
Margareth – Poder trabalhar com outras fontes de pesquisa como a fonte arqueológica. Buscar, analisar e interpretar a cultura material.
DM – A Revista Nossa História publicou uma edição especial com um artigo da senhora sobre a Estrada Real de Goiás. O que é o projeto da Estrada Real?
Margareth – Existem várias estradas reais por todo o Brasil. Em Goiás temos a Estrada do Nascente (GO-RJ), Estrada do Anhanguera (passando por Santa Cruz de Goiás/GO-SP), Estrada do Norte, ligando Goiás aos arraiais goianos e à estrada do Poente que vai para Mato Grosso e que é também uma continuidade da Estrada do Nascente.
DM – Qual a importância dessa estrada na época?
Margareth – Era a via de comunicação entre as áreas de mineração com o litoral. Aberta em 1733 em diversas etapas. Foi de suma importância para o escoamento das riquezas minerais para Portugal, mas também foi por ela que houve um trânsito cultural de pessoas e objetos.
DM – Que tipos de levantamentos e de documentação são feitos?
Margareth – Vamos entrar na fase de restauração do trecho 1, que começa ao lado da Fonte da Carioca até a G0-164, mil metros. Na etapa final da elaboração do projeto de restauração de um trecho de mil metros, um trecho que pertence ao município. Todos os levantamentos já foram executados: históricos, topográficos e arqueológicos.
DM – Como surgiu o interesse por esta pesquisa?
Margareth – Em decorrência do pedido de moradores de Goiás, da Secretaria de Turismo. A UEP-Goiás do Monumenta, a Agepel e a ONG Obras Sócias da Diocese de Goiás viabilizaram a pesquisa. Foram esforços reunidos para redescobrir a estrada, com foco no turismo.
DM – Acredita que o público visitante de Goiás poderá ter essa estrada como parte de um roteiro turístico?
Margareth – Este foi o objetivo: o turismo sustentável e que deve gerar renda aos moradores.
DM – A senhora leciona na UEG de Porangatu. O que existe de interessante lá para se pesquisar?
Margareth – Existe uma vastidão de campo de pesquisa, desde a pré-história com os grupos de agricultores ceramistas com suas grandes aldeias às estradas, como a Estrada do Boi, que se interliga à Estrada do Nascente em Goiás. Fiz meu doutorado na região de Serra da Mesa, sobre os agricultores ceramistas.
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