domingo, setembro 18, 2011

MUSEUS PAULISTAS RETRATO DOS MUSEUS BRASILEIROS?


Levantamento inédito da Secretaria de Estado da Cultura expõe falhas estruturais e técnicas na maior parte das 415 instituições paulistas

Edison Veiga e Vitor Hugo Brandalise - O Estado de S.Paulo

A memória paulista está em risco. Um levantamento inédito produzido pelo Sistema Estadual de Museus (Sisem), órgão ligado à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, mostra que 86% dos 415 museus paulistas têm, ao menos, um problema grave.

Faltam políticas de conservação do acervo, cuidados de climatização, reservas técnicas, funcionários e, em alguns casos, visitantes - porque há instituições fechadas ao público. O diagnóstico mostra a situação em que se encontram documentos e peças importantes para a história de São Paulo. Se bem utilizado, pode indicar quais medidas urgentes devem ser tomadas pelos responsáveis pelos museus.

Para chegar aos dados, o Sisem mobilizou uma força-tarefa no ano passado. Oito agentes do departamento visitaram, entre maio e dezembro, os 190 municípios paulistas que têm ao menos um museu. O Estado teve acesso exclusivo ao material - a planilha completa pode ser acessada no portal estadão.com.br - e, nas últimas semanas, conversou com responsáveis por algumas instituições. Caso, por exemplo, do Museu Histórico e Pedagógico Amador Bueno da Veiga, de Rio Claro, a 181 km da capital.

Fechado desde 2004, o casarão histórico que abrigava o acervo pegou fogo em maio do ano passado. "Justamente quando estávamos para começar um restauro, pois havíamos conseguido verba de R$ 180 mil", conta Maryzilda Campos, diretora de Patrimônio Histórico do município. Por sorte, a maior parte do acervo estava guardada em outro endereço. Mas algumas peças viraram cinzas, como uma carruagem antiga e uma réplica da Pietà. Com verbas federais e municipais que chegam a R$ 4,2 milhões, o plano é reconstruir o casarão - a promessa é que as obras comecem em 2012.

"Isso é geral: não se pensa em manutenção, só em restauro. Então trabalhamos no extremo. Somos chamados para restaurar o que está praticamente acabado", critica o restaurador Arnaldo Sarasá Martin. "Por não haver manutenção, há museus com infiltrações, enchentes e teto desabando."

O secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo, garante que o levantamento do Sisem já é usado como bússola para indicar as melhores estratégias na administração dos museus. "Com esses dados em mãos, podemos dar apoio técnico e, em alguns casos, financeiro às instituições mais problemáticas", afirma. Neste semestre, a secretaria de Estado promete realizar planos museológicos para seis municípios e nove oficinas de documentação, ação educativa e conservação de acervos.

Como consequência imediata, a secretaria decidiu interromper o processo de municipalização dos museus estaduais, iniciado em 2009. "Agora estamos discutindo a municipalização caso a caso. Porque não adianta municipalizar, se a prefeitura não tiver fôlego para administrar um museu", diz o secretário.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,86-dos-museus-de-sp-tem-problemas,774018,0.htm

CRISOL - Pesquisas e Estudos Culturais

http://www.crisol-gpec.com.br/

Um comentário:

Samarone Nunes Tridimensionais disse...

Se a Locomotiva está assim, imagina o resto dos museus espalhados pelo Brasil....Em Goiás falta ser feita essa radiografia, mas se prevê que não seja muito diferente.