Memória desprezada
Na contramão de projetos bem-sucedidos que aliam história, cultura e turismo, constata-se em Goiânia um incompreensível desprezo a monumentos e espaços urbanos caros à memória da capital. A sempre falada revitalização do Centro parece caminhar em direção contrária – a do abandono.
Um exemplo é a velha Maria-Fumaça, que nos anos 40 transitava com passageiros e carga. Hoje, ela exibe estragos, como o farol quebrado, e chega a oferecer riscos a quem passeia pelo local, a Praça do Trabalhador, onde fica a antiga Estação Ferroviária, em estilo art déco e referência preciosa sobre a construção de Goiânia.
Infelizmente, não se trata de um caso isolado. Na Praça Cívica, o Monumento às Três Raças, cuja última restauração foi feita em 1997, também sofre com o vandalismo e a falta de cuidados. Na Praça do Violeiro, a base da estátua traz as marcas da pichação. Além da ação criminosa de vândalos, é visível a ignorância em relação à história local e do País: lixo acumula-se, no Bosque dos Buritis, junto ao monumento aos mortas na ditadura militar .
Torna-se evidente a necessidade de ações governamentais para preservar os símbolos que compõem a memória da cidade e são um patrimônio de seus habitantes. E também de campanhas educativas, principalmente entre estudantes, levando-os a compreender a riqueza de um legado que só será realmente coletivo quando todos por ele se responsabilizarem, atribuindo-lhe o devido respeito e admiração.
FONTE: JORNAL O POPULAR 17/05/2009
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