A matéria abaixo é no mínimo curiosa.
Em 1994, se não me falha a memória, o artista D.J. Oliveira, com o apoio da Prefeitura Municipal de Goiânia removeu uma das obras mais importantes, e, também interessante da sua produção artística, da fachada do Instituto Maria Auxiliadora, na Praça do Cruzeiro. E posteriormente, instalou no local como a mesma temática, um outro painel, desta vez na técnica de pintura sobre azulejo (aplicação de pigmentos e posterior queima). Ora, quando o primeiro painel foi executado muito se falou sobre a durabilidade da técnica: afresco. E de fato a técnica de grande durabilidade, especialmente em condições adequadas de conservação, o que não era o caso: o muro onde foi aplicada levou na sua composição cimento e não possuía nenhuma proteção contra a ação danosa da exposição permanente a poluição, sol, chuva e etc.
Quando da instalação da segunda versão, a realidade não se modificou. Na época foram muitas as discussões, pois, houve quem atribuísse a intervenção drástica de retirada e instalação de uma obra em tudo e por tudo, diferente da original, o título de uma "intervenção de restauro". Nada menos apropriado.
A matéria muita bem escrita por Tacilda Aquino deixa transparecer a preocupação do Instituto em parecer que agiu certo, ao contratar um arquiteto para acompanhar uma possível intervenção. Agiu? O arquiteto em questão possui alguma especialização em restauração? Os órgãos proteção foram consultados? Tombada ou não a obra é de domínio público e com o falecimento do artista, independente de qualquer ação imediata, os órgãos de proteção ao Patrimônio Cultural deveriam ter sido consultados, nem que fosse para pedir a indicação de um restaurador.
E essa é uma da obras desse artista que tanto representou e representa para as artes plásticas em Goiás. E quando resolverem o que fazer com as demais obras, especialmente aquelas que estão em prédios da UCG e da UFG, também vão contratar um arquiteto? Ou vão contratar um restaurador? Afinal é senso comum que ninguém procura um ginecologista para arrancar um dente, não é?
Eis a matéria que motivou essa reflexão.
18/01/2006 - Nova intervenção em painel de DJ Oliveira.
Por Tacilda Aquino
O painel de DJ Oliveira Sonho de Dom Bosco, um dos principais monumentos de Goiânia, instalado no Instituto Maria Auxiliadora, na Praça do Cruzeiro, está passando por mais uma intervenção. “Urgente e imprescindível”, segundo a diretora da escola, irmã Mônica Maria Sant’Ana. Segundo ela, as intensas chuvas do final de ano provocaram uma infiltração em parte do mural, refeito em 1998 em porcelana sobre azulejo pelo próprio D.J. Oliveira a partir do afresco original criado pelo artista nos anos 80. As chuvas prejudicaram um dos 36 quadros que compõem o mural de 236 metros, obrigando a direção do instituto a retirar as peças “antes que o dano fosse completamente irreparável”, segundo a religiosa. Para o trabalho de intervenção, foi contratado o arquiteto Gilson David, que garantiu estar tomando todo o cuidado para não prejudicar a obra do artista, morto em setembro do ano passado. “As peças foram retiradas cuidadosamente e não sofreram nenhum dano”, disse ele, explicando que o trabalho de restauração consiste em recuperar a parte onde as peças se descolaram e a recolocação delas. O trabalho, segundo o arquiteto, atinge pouco mais de 1% da obra e pelos estudos técnicos outras interferências não serão necessárias, porque a direção da escola providenciou a retirada das peças tão logo constatou a infiltração, evitando danos maiores. A diretora do Instituto Maria Auxiliadora disse que, uma vez restaurado, o painel continuará exercendo a sua função de divulgar a obra do grande artista que foi DJ Oliveira e que ninguém mais do que as religiosas do colégio têm interesse de preservar a obra, “que foi criada a partir de um pedido da ordem religiosa que administra a escola”. A religiosa diz entender a preocupação das pessoas que se acostumaram a apreciar o mural, que temem por sua destruição, garantindo que isso não vai acontecer. Tanto a religiosa como o arquiteto responsável pela obra afirmaram que a família de DJ Oliveira foi comunicada sobre a intervenção na obra. “De certa forma nos sentimos felizes com o fato de a obra não ter sido tombada. Por isso mesmo não houve necessidade de acionar ninguém e esperar o desenrolar de um processo burocrático, o que poderia prejudicar ainda mais a obra, dada a urgência de sua recuperação”, disse Gilson David.
Matéria publicada originalmente no http://goiasnet.globo.com/
Crédito fotografia: Sebastião Nogueira
Um comentário:
Estou procurando um restaurador de peças de porcelana e gostaria de uma indicação e conhecer algum. Se possível enviar contato para o email apaulajacinto@hotmail.com.
Obrigado.
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