No dia 11 de maio completa um ano que me vi na condição de pária entre os meus colegas de trabalho. E começou assim, um telefonema, uma reunião sigilosa (certas coisas não são ditas em público) e outra para dar posse a uma ilegalidade (falsidade ideológica ainda é ilegal?), regada com muita cara cínica e saliva.
As caras cínicas ficam por conta daqueles que possuem intrínsecos, como uma segunda pele, a fé que a politicagem é tudo de bom na vida e a absoluta certeza da impunidade. E são ótimos a se prestarem ao papel de entregadores de recados.
E a saliva, essa fica por conta do hábito, de determinados humanos de lamber, como fazem os cães, as extremidades uns dos outros. É claro que, os cães fazem isso para saber quem é quem. Como uma carteira de identidade canina. Nos humanos, quase sempre, mostra o aspecto servil (o falso). Eca, que coisa mais nojenta sô!
E depois disso iniciei um ano cheio de novas experiências. E que experiências! A primeira delas foi passar de restauradora de obras de arte a camareira no falecido Grande Hotel**. Afrontou? Agora leva!
Dá para acreditar que me pagam para olhar o tempo e rezar?Afinal os fantasmas que povoam o Grande Hotel não necessitam de restauração, mas de oração, não é? Mas de verdade, uma faxineira lá também cairia muito bem e até os fantasmas ficariam agradecidos.
Depois foi a constatação entre muitas idas e vindas ao Ministério Público, ao Fórum de Justiça de Goiânia por que é que dizem que a justiça é cega, mas o pior, é que além de cega, ela também parece possuir sérias dificuldades de locomoção. Será que com os novos ônibus adaptados, novinhos, a coisa vai melhorar?
E francamente, venhamos e convenhamos, não concordam comigo, que a dona Justa gosta mais das causas dos avestruzes que dos “causos” culturais?
Também encontrei e descobri pessoas de bem no Fórum Permanente de Cultura de Goiânia, na Conferência Nacional de Cultura, nas reuniões da AAMAG, nas oficinas do DEMU, na Comissão Permanente de Inquérito Administrativo – ainda não contei que forjaram uma acusação de abandono de cargo, contei? Ah, mas esqueçam isso por que a CPIA concluiu que era tudo muito estranho e mandou que me pagassem o que haviam expropriado. - e também no Grande Hotel.
Adotei um lindo cãozinho e lhe dei o nome de Zequinha. Imaginem que se aproveitando da minha confiança emprenhou a Lindinha, que por sua vez me presenteou com quatro lindos filhotes e uma baita sociedade com o veterinário, Dr. Carlos, tremenda figura. Uma pena que não quis receber em pagamento os filhotes! Mas daqui para frente, o controle da natalidade canina será feroz.
E ainda durante esse ano retomei um hábito há muito esquecido, escrever. E escrevi para protestar, para agradecer, para elogiar, para ironizar, no blog (agora tenho um), para o fotolog, para os jornais (morrem de medo de publicar e deixar o poderoso chefão zangado), revistas, amigos, desafetos e até para o gerente do INSS.
Sobre ele preciso dizer que é gente boa, mas tive que escrever uma carta. Uma daquelas no estilo cutucar a onça com a vara curta, acreditam que esqueceram de reajustar a pensão da minha mãezinha de 80 anos? E ai o juiz federal deu um despacho determinando multa diária e ainda comunicou ao Ministério Público. No fim achei que era canseira demais e lá se foi a carta aberta ao INSS, afinal mesmo sendo gente boa deixou de cumprir a sua obrigação.
E não é que descobriram que a Procuradoria do INSS esqueceu de encaminhar o processo, para quem deveria resolver o caso? Mas tudo bem, o gerente do INSS em Goiânia, José Aparecido Silva garantiu que tudo se resolve em uma semana. E, sinceramente acreditei nele.
Mas comecei a pensar em tudo isso, por que dia 16 de maio (gente teimosa parece que só nasce nesse dia) é meu aniversário, o da Eliete, o da Maria Wirtz. Os astrólogos acreditam que os trinta dias que antecedem a data natalícia é o inferno astral. E nesse período tudo dá errado.
Pois sim, em 2005 o inferno astral começou mesmo foi no dia 1º de janeiro, gobierno nuevo, pesadelo velho.
E depois a sabedoria popular reza que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Só se isso acontece em outra parte do Estado de Goiás, por que aqui em Goiânia, não só caem duas como cai três vezes no mesmíssimo lugar e ainda consegue ser um fenômeno piorado, manifestando-se cercado de uma horda de mortos vivos e dos lambedores das décadas passadas.
Sem viver um período de inferno astral em 2006 espero que, não haja um inferno pós-astral.
Afinal depois que o “Centro de Documentação e Memória” e junto com ele o inexistente “Departamento de Conservação e Restauração” forem despejados – o INSS pediu a reintegração de posse e vai ganhar – onde será que os poderosos da cultura me despacharão para cumprir o exílio nos próximos dois anos e meio?
No MAG*** não pelo amor de todos os santos, lá está cheio de dengue e de lambedores!
Antes que esqueça ... 18 de maio é o dia internacional do museus.
* Deolinda Conceição Taveira Moreira é Conservadora Restauradora de Bens Culturais, especialista em Gestão Integrada do Patrimônio Cultural – ITUC – AL, ex- Conselheira de Cultura de Goiânia, faz parte do Conselho Diretor da Associação de Amigos do MAG – AAMAG, da ONG KULTUR, do Fórum Permanente de Cultura de Goiânia e motivada pela situação político cultural de Goiânia publica o blog http://amigosdemuseu.blogspot.com/ e o fotolog http://fotolog.terra.com.br/culturagoiania:7
** Grande Hotel – Projetado pelo arquiteto Attílio Correia Lima e construído em 1933 foi inaugurado em 1937. É patrimônio tombado como bem de excepcional valor histórico e cultural “Goiânia art déco”
*** MAG – Museu de Arte de Goiânia
2 comentários:
A cachorrada que fizeram com você é bem diferente da cachorrada que nasceu na sua casa, Deo. Dei uma lida no seu blog-bomba. A logomarca do DEMU não me agradou. Parece a face oclusal ( a da mastigação) de um dente molar...Como não vi as concorrentes, vamos aceitá-la, é claro.O Rio está frio e chove agora.Vou almoçar com a minha irmã. Comeremos um cozido em restaurante português.Você já foi no Santa Comilança?
Aproveite seu domingo. Beijo do Thales
Thales,
O pior é que tem razão, mas deixa isso de lado, o importante é que aconteça.
eh, eh! É verdade, os meninos são lindos mesmo, e ainda estou com um que se chama Sócrates. Por incrivel que pareça as pessoas possuem preconceitos contra os caninos machos, vê se pode?
Cachorrada ou não, comigo ou não, só reflete a pouca importância que da cultura para um governo autoritário e centralizador. Enfim, ainda estamos longe da verdadeira democracia. Mas chegaremos lá!
E nem me fale em comida, estou de dieta!
beijos
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