


Sítio histórico de Porangatu (GO) na lista da WMF dos bens com valor cultural em perigo no mundo.
Goiânia, 11/06/2007 – O sítio histórico de Porangatu – GO, o antigo Arraial do Descoberto da Piedade, encontra-se entre os cem sítios de alto valor cultural que correm perigo no mundo e entre os dezesseis selecionados na América Latina pela WMF.
Na quarta-feira, 06 de junho, a WMF - World Monuments Fund- tornou pública a lista de 2008 dos 100 bens de valor cultural relevante e que encontram-se em situação de risco. A lista é o resultado de um painel internacional de especialistas em arqueologia, arquitetura e história da arte. Para elaboração da lista, os especialistas basearam suas decisões em três critérios: relevância da importância cultural do sítio, urgência da ameaça e viabilidade de uma eventual solução.
"A lista de 2008 mostra claramente que a atividade humana se tornou a maior ameaça contra a preservação da herança cultural" no mundo, advertiram os especialistas em suas conclusões. A contaminação provocada pelos humanos corrói as pedras antigas. O turismo globalizado leva hordas de pessoas a sítios desprotegidos. As cidades crescem às custas de centros históricos. As guerras destroem sítios únicos. Pela primeira vez, os especialistas citam a mudança climática como um dos fatores que ameaçam o patrimônio cultural e dão como exemplo os estragos causados pelo furacão Katrina, em 2005, na mal protegida Nova Orleans.
Também corre risco a famosa rota 66, dos Estados Unidos, outrora única via importante entre as costas leste e oeste, que abriga locais de arquitetura curiosa como seus velhos motéis, escalas da "road trip" ideal.
Na América Latina, o Peru se destaca com as ruínas de Machu Picchu, dizimadas pelo turismo "descontrolado", os vestígios de Macusani e Corani, e o centro o histórico de Lima, "onde centenas de monumentos e milhares de residências estão abandonadas e ameaçam desmoronar".
Também no Peru, os terraços de Laraos, o mosteiro de Santa Catalina e o esplendor barroco de São Pedro Apóstolo de Andahuaylillas, perto de Cuzco, agonizam sob os estragos das atividades humanas.
O bairro histórico Huaca, do porto mexicano de Veracruz, que data de 1870 e abrigava trabalhadores migrantes fora dos muros da cidade, está ameaçado pela especulação imobiliária e a deterioração, segundo os especialistas.
A indústria da tequila, orgulho do estado mexicano de Jalisco, põe em risco a zona arqueológica Teuchitlán e Machimontones, que encerra segredos sobre uma das civilizações mais antigas do continente.
Completam a lista as ruínas mexicanas de Montealbán e as missões coloniais de Chihuahua, o palácio dos Capitães Gerais, na Guatemala, a cidade de Falmouth, na Jamaica, a sinagoga Brener, em Buenos Aires, e a estação de Biologia Marinha de Montemar, em Valparaíso (Chile), "uma obra-prima da arquitetura sul-americana", cujo belo desenho está ameaçado por planos de renovação.
E ameaçado pelo descaso e a especulação imobiliária o sítio histórico de Porangatu.
O sítio histórico de Porangatu- GO teve a sua inscrição encaminhada pela ONG KULTUR como resultado do seminário “Porangatu: Planejamento e Patrimônio Cultural” ocorrido entre 14 e 15/11/06, e promovidos pela AGEPEL, Prefeitura de Porangatu, e ainda contou com os apoios da Câmara Municipal de Porangatu que abrigou o seminário e ainda transmitiu via Radio e WEB TV Câmara Porangatu, e da KULTUR.
Os painéis de discussões, do seminário envolveram as ações relacionadas ao Plano Diretor da cidade, as formas de ocupação do norte goiano, legislação para preservação de patrimônio cultural e a apresentação do projeto ‘Descobrindo o Descoberto” que tem como principal objetivo o levantamento das referências culturais – material e imaterial. Esse projeto conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Porangatu e o desenvolvimento da ONG Kultur – Cultura, Educação e Meio Ambiente, que ao longo dos últimos três anos se dedicando ao estudo do local e a implantação dos projetos de recuperação e educação, tendo a frente a especialista em Gestão de Patrimônio Cultural Integrado – ITUC – AL Deolinda C. Taveira Moreira, o mestre em Geografia Felippe Jorge Kopanakis - filhos de Porangatu, e a arqueóloga Margareth de Lourdes Souza, além do apoio técnico do arquiteto e mestre André Pina, da Prefeitura de Olinda.
PORANGATU
Porangatu distante 393 quilômetros de Goiânia, no extremo norte goiano e com uma população de 41.000 habitantes é um cidade pólo na região norte do Estado. Nas suas origens Porangatu nasceu no antigo Arraial do Descoberto da Piedade na época da mineração e a sua história é contada em prosa como a lenda de Angatu.
A partir de 1943 o Descoberto torna-se Porangatu e foi elevado a comarca em 1948, dando início a construções importantes para o processo de modernização da cidade, tais como, o cemitério, a cadeia pública, escolas, Prefeitura e Fórum. Após a aquisição de uma área de 100 alqueires, entre os anos de 1953 e 1957, a prefeitura dá inicio a ampliação da parte nova da cidade e a cidade velha vai ficando esquecida.
A vida cultural da cidade nessa época gira em torno da Casa Jaguatirica e da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade. A Casa Jaguatirica, cujo proprietário, Ângelo Rosa de Moura era tido como místico e empreendedor, organiza eventos e promove a comunicação local. Atualmente o espaço é um museu municipal de arqueologia.
Muito cedo, os gestores públicos e a população deram-se conta da necessidade de preservar o seu patrimônio cultural e arquitetônico, já ameaçado com o crescimento acelerado promovido pela construção da BR-153. É promulgada então a Lei Municipal Nº590/84, que declara patrimônio histórico a área da “cidade velha”.
Todavia a existência da Lei por si só não garantiu a preservação do sítio histórico do Descoberto. Ao longo do tempo comprovou-se que associado a intervenção “destrutiva e modernizadora” dos proprietários no sítio histórico, a omissão do poder público foi fundamental para a descaracterização e demolição de muitos imóveis, mantendo-se intacto apenas o traçado urbano original.
No final dos anos 90, a administração pública inicia um movimento de valorização das festas, do espaço urbano e arquitetônico local e promove a restauração da velha Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade.
No desenrolar dessas ações o Museu Ângelo Rosa de Moura é instalado na antiga Casa Jaguatirica, abrigando, provisoriamente, o acervo arqueológico resultante de pesquisas realizadas na região norte de Goiás.
O museu é o primeiro passo para se pensar o sítio histórico como parte da cidade que merece atenção especial. Alguns marcos importantes da cidade, tais como a antiga Igreja Matriz, a Cadeia velha, o Fórum, o casario da Praça Velha e adjacências, as construções art-déco na Av. Floriano Peixoto, assim como as áreas que deveriam ser de preservação ambiental – Lagoa Grande e nascentes de cursos d’água, adjacências do cemitério - demonstram claramente que a gestão da cidade dar-se-á no presente e para o futuro em dois eixos: planejamento urbano e preservação do patrimônio cultural.
WMF - World Monuments Fund Watch
A World Monuments Fund (WMF) é a mais importante organização privada, sem fins lucrativos, dedicada à preservação de lugares da herança cultural de todo o mundo. Através da sua lista bienal World Monuments Watch - 100 Most Endangered Sites, a WMF (www.wmf.org) chama atenção internacional para os perigos que ameaçam os lugares com significado histórico, artístico e arquitetônico.
A presença na lista World Monuments Watch estimula autoridades locais e comunidades a tomarem um papel ativo na proteção do seu patrimônio cultural e, quando necessário, ajuda também a angariar fundos para a sua salvaguarda.
Os monumentos são selecionados, de entre as várias candidaturas apresentadas, por um painel de peritos mundiais, incluindo representantes da UNESCO ("United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization") e do ICOMOS ("International Council on Monuments and Sites").
A inclusão do Sítio Histórico de Porangatu na lista dos 100 locais históricos mais ameaçados do mundo é um portal de visibilidade às organizações ligadas a preservação do patrimônio histórico no mundo, e um alerta aos administradores públicos que devem, urgentemente, desenvolverem políticas públicas que valorizem e resgatem a história de suas comunidades.
As informações sobre a lista, bem como o mapa dos 100 locais do mundo, podem ser conferidos no endereço http://www.worldmonumentswatch.org/
Qualquer informação adicional, Felippe Jorge (9102-8445) quanto Deolinda Taveira (9637-1985 – 8439-1032) ou pelo e.mail culturagoiania@terra.com.br .
2 comentários:
eu gostaria muito de saber porque esta preservação não esta acontecendo porque minnha mãe esta com a casa dela na rua do milagre quase caindo e vai atras da prefeitura e não se resolve nada não pode derubar para construir uma casa menor por causo do historico mas a prefeitura nada faz para estar restaurando para que o patrimonio continuie de e de uma condiçaõ mais dignas para quem esta debaixo deixo o meu repudio porque deixão ir abaixo mas nada fazem ou deixão de fazer por negligencia ou interesse propios
Dacruz, sugiro que procure o promotor público e denuncie a prefeitura. Se sua mãe é uma pessoa carente, a prefeitura tem obrigação de fazer, e se não faz incorre primeiro no abandono de necessitado e em seguida mostra-se incapaz de proteger e preservar patrimônio tombado.Se deixar um mail fica mais facil orientar.
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