quarta-feira, julho 28, 2010

Estátua de Pedro 2

Carta do Leitor
28/07/2010 - Jornal O POPULAR

Chego a Goiânia, depois de meses distante, e pelas páginas do POPULAR e nas rodas de amigos fico sabendo da polêmica na cidade acerca do local de implantação da escultura em bronze de Pedro Ludovico sobre um cavalo. De um lado, estão os que defendem a implantação da escultura no Morro da Serrinha, como previa o projeto idealizado há 20 anos, quando a estátua foi encomendada a Neusa Moraes.

Esse projeto buscava fazer referência a um fato histórico, pois foi no Morro da Serrinha, na década de 30, que Pedro, a cavalo, vislumbrou o local da futura capital de Goiás. Do outro lado, estão os que defendem a transferência da escultura para a Praça Cívica.

Diante do debate, me posiciono como arquiteta e urbanista que sou. Meus argumentos giram em torno de questões compositivas e urbanísticas e, consequentemente, questões simbólicas que permeiam qualquer intenção projetual. A Praça Cívica, pela sua configuração e dimensão, não é adequada para receber a escultura com 7 metros de altura, a não ser que o objetivo seja ofuscá-la em meio a outros monumentos que a praça acolhe. Compositivamente, é importante observar que uma figura, para se fazer visível e imponente, precisa ter um fundo neutro, e me parece que a Praça Cívica não cumpre este papel.

Do ponto de vista urbanístico, deve-se avaliar que a possibilidade de levar a estátua à Serrinha pode ser uma oportunidade para revitalizar uma área privilegiada que, há anos, vem sendo mal utilizada e degradada. Obviamente, não se está falando da simples inserção da estátua, mas de associá-la a um mirante, ao parque, ou a outros elementos que animem a Serrinha e que a configurem como um evento urbano.

Simbolicamente, acredito que o estadista moderno montado a cavalo só ficará bem inserido num contexto histórico que explique o fato e não no centro cívico da cidade, símbolo maior de modernidade e urbanidade. A modernidade de Ludovico se vincula mais à linguagem art déco, que fazia referência mais ao aerodinamismo das máquinas do que ao do lombo de um cavalo.

ANA ELÍSIA DA COSTA

Goiânia – GO

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