sábado, janeiro 29, 2011

AGEPEL as primeiras definições

Primeiras definições


Agepel nomeia três dos quatro diretores, além do chefe de gabinete, mas ainda não tem previsão para indicar nomes dos responsáveis por suas unidades

Rodrigo Alves

Após quase um mês de indefinições desde a posse do novo governo estadual, a Agência Goiana de Cultura (Agepel) começou enfim a ganhar novos rostos, com nomeações em suas diretorias (veja nomes ao lado). Até quarta-feira, o único nome certo, fora do quadro permanente, na pasta que cuida da cultura no Estado era o do presidente Gilvane Felipe, empossado no dia 2. Mas, mesmo com as primeiras nomeações oficiais, a Agepel ainda tem muito a definir em seus quadros - no que se refere às unidades, como o Teatro Goiânia - e assim ser mais precisa na determinação das políticas culturais do novo governo.

Uma das questões que desde o início pairou nos corredores da Agepel - e que ainda pode não estar completamente respondida - é se, com a reforma administrativa empreendida pelo governo, que agora submete a Agepel à jurisdição da Secretaria de Educação, a agência perderia em autonomia administrativa e em recursos próprios. Ao POPULAR, Gilvane Felipe garantiu que, na prática, nada deve mudar. "Trata-se mais de uma questão de burocracia interna e de estrutura administrativa do Estado", minimizou.

De acordo com o texto da reforma administrativa, aprovado nas sessões extras da Assembleia Legislativa e publicado nesta semana no Diário Oficial do Estado, a Agepel realmente não perde nada em seu organograma. A estrutura que mantém desde que se tornou agência - por definição, uma autarquia -, em 1999, permanece quase a mesma. A Agepel só ganhou nova diretoria dedicada às finanças, antes apenas uma das várias gerências. Passou, assim, a ter quatro diretorias, ao invés das três anteriores. As diretorias têm sob seus leques as gerências que atuam em diversas subáreas.

Sem mudança
"Em termos de recursos para a pasta, a meu ver, nada deve mudar", também antecipou ao POPULAR o presidente da Agepel. No entanto, a questão é que Goiás deverá continuar, conforme sua avaliação, com poucas chances de participar do Sistema Nacional de Cultura (SNC), mecanismo que integra a Política Nacional de Cultura do Ministério da Cultura (MinC). O SNC prevê investimentos de recursos federais nos Estados, desde que as políticas públicas culturais estejam devidamente delineadas.

Segundo Gilvane Felipe, o SNC tem a prerrogativa de liberar recursos somente para Secretarias de Estado de Cultura. "Isso, para o MinC, significa que o Estado está comprometido com a cultura na estrutura de primeiro escalão", complementa. Ele diz que este será um dos principais assuntos na pauta da Agepel nas conversações com o governador Marconi Perillo, que já demonstrou interesse, garante o presidente, em investir nessa alternativa.

A atual situação apertada das contas dos Estado, ainda na opinião do presidente, não atrapalharia a possível criação de uma Secretaria de Cultura. "Pelo contrário, vejo isso como solução. Se o Estado está com as contas apertadas, os recursos de fora são mais que bem-vindos", defende de forma enfática, para emendar em seguida: "Mas, claro, essa é uma discussão intramuros no Palácio das Esmeraldas."

Unidades
A questão mais urgente a ser definida a partir de agora na Agepel está centrada na definição das gerências de suas 28 unidades, distribuídas na capital e no interior. Além de todo o processo burocrático de definição e nomeação, a decisão dos novos nomes para essas gerências está centrada em questões políticas, já que muitos dos cargos são comumente ocupados conforme acordos partidários estabelecidos ainda durante a campanha eleitoral. A reportagem do POPULAR apurou que, dentro da Agepel, a movimentação neste sentido está a todo vapor.

Com a mudança para o endereço novo - deixou o Palácio Pedro Ludovico para se instalar no prédio histórico então ocupado pela Procuradoria Geral do Estado, na Praça Cívica -, a Agepel acabou perdendo ainda mais em agilidade para definir sua nova estrutura. Somado a isso, a agência ainda teve de esperar pela definição da reforma administrativa empreendida pelo governador. "As direções das unidades ainda são um assunto que temos de discutir com o governador", ressalta Gilvane Felipe.

A princípio, a agência continua responsável direta pelas unidades que sempre estiveram sob sua guarda, entre teatros, centros culturais, galerias, escolas de artes e museus. A exceção, estabelecida ainda na administração anterior, é o Centro Cultural Oscar Niemeyer, que na reforma administrativa ganhou um gabinete de gestão exclusivo chefiado pelo ex-presidente da Agepel Nasr Chaul. Enquanto as definições para as demais unidades não saem, alguns espaços permanecem sem agenda e, portanto, inativos.

Quem é Quem

CHEFIA DE GABINETE
Ney Borges:administrador de empresas e advogado, já foi diretor do Sebrae Goiás (Desenvolvimento e Mercado) e da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Goiânia (Conselho Fiscal)

DIRETORIA DE AÇÃO CULTURAL

Décio Coutinho:gestor cultural e administrador de empresa, também foi diretor do Sebrae Goiás, na unidade de Negócios e Turismo e na Coordenação Nacional de Cultura

DIRETORIA DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO
Deolinda Taveira:artista plástica e especialista em conservação de bens culturais móveis, já dirigiu o Museu de Arte de Goiânia e é servidora efetiva da Prefeitura de Goiânia

DIRETORIA DE OBRAS E RECUPERAÇÃO DO PATRIMÔNIO
José Eduardo de Moraes:maestro, já trabalhou com diversos artistas goianos e foi durante oito anos diretor de Ação Cultural da Agepel, durante os dois primeiros mandatos de Marconi Perillo

Perfis técnicos e políticos

Os novos diretores da Agepel, cujas nomeações foram publicadas no Diário Oficial do Estado nesta semana, têm perfis que unem capacitação técnica e afinidades políticas. Da equipe que o acompanhou enquanto esteve à frente da Superintendência do Seabre Goiás, por exemplo, Gilvane Felipe trouxe dois nomes: o novo chefe de gabinete, o administrador e advogado Ney Borges, e o novo diretor de Ação Cultural, o administrador Décio Coutinho.

Para a Diretoria de Obras e Recuperação do Patrimônio, o nome definido foi o do maestro José Eduardo de Moraes, que durante os dois primeiros mandatos de Marconi Perillo, com Nasr Chaul à frente da Agepel, foi diretor de Ação Cultural. Por fim, para a Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico, foi designada a artista plástica e restauradora Deolinda Taveira, que já dirigiu o Museu de Arte de Goiânia.

A única indefinição ainda paira sobre a recém-criada Diretoria de Gestão Planejamento e Finanças, que na estrutura da gestão passada tinha status de gerência. Dois dos nomes cotados, segundo apurou a reportagem, são o do antigo gerente de Administração e Finanças da Agepel, João Dias Campos, e o do sócio-proprietário da Editora Kelps, Antônio Almeida. ▩
Fonte: Jornal O POPULAR Goiânia, 29 de janeiro de 2011.

Crise política do Egito ameça o Museu do Cairo


Multidão protege o Museu do Cairo, imagem emocionante!
28/01/2011 - 19:04

Thais Romanelli
Redação



Patrimônio histórico do Egito corre risco com crise política, diz egiptólogo brasileiro





O agravamento dos protestos no centro de Cairo, no Egito, pode ameaçar o patrimônio histórico do país, armazenado em museus da cidade. Nesta sexta-feira (28/01), pelo menos uma pessoa morreu e várias ficaram feridas em manifestações nas proximidades do Museu Nacional do Cairo, o mais importante do Egito.



Segundo a rede de televisão Al Jazeera, os conflitos começaram em uma praça próxima ao museu e à sede do NDP (Partido Nacional Democrático), atualmente está no poder. Uma hora depois, um incêndio nas proximidades do museu assustou os manifestantes, que fizeram uma corrente humana em volta do edifício, de acordo com a emissora.



"O Museu Nacional do Cairo é o maior e mais antigo museu egípcio, um eventual acidente como um incêndio seria extremamente prejudicial não apenas para a cultura do país, mas para todo o patrimônio da humanidade", disse o egiptólogo Antonio Brancaglion Jr ao Opera Mundi.



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O museu, que abriga 100 mil objetos em exposição, possui múmias dos mais importantes faraós, papiros e objetos considerados símbolos do país, como o tesouro de Tutancâmon, um dos faraós mais famosos da história egípcia.



"Costumamos dizer que ele tem a pior exposicão dos mais lindos tesouros do mundo e esse é seu principal problema: o próprio edifício", conta Brancaglion, em referência à estrutura do prédio. Para o egiptólogo, a idade do do museu e sua localização são extremamente prejudiciais no caso de um eventual incêndio como o desta tarde.



Central e próximo a sede do partido que ocupa o governo do país, o Museu Nacional do Cairo está em uma "área de risco" no que diz respeito aos riscos que as manifestações podem trazer. Já com relação a possíveis saques e contrabando de peças, Brancaglion não demonstra preocupação.



"Um incêndio próximo ao museu ou no próprio museu seria muito prejudicial não apenas pelo fato de ele abrigar um acervo inimaginável, mas também por não ter estrutura para amenizar os danos em um acidente deste tipo", afirmou.



O egiptólogo conta que há dez anos um atentado ocorreu na frente do Museu Nacional do Cairo, o que fez com que governantes reavaliassem as medidas de segurança. A partir daí, o prédio foi equipado com câmeras de segurança e outros recursos para evitar a entrada de pessoas não autorizadas e furtos.



"O edifício, porém, é muito antigo e sem dúvida não tem uma estrutura eficaz contra incêndio", explicou. "O risco que se corre é exclusivamente em relação a esse tipo de agressão pelo fato deste museu estar próximo à principal área de manifestações. Quanto a roubos e contrabando, não acho que nenhum museu egípcio corra este risco, já que a própria população tem consciência da importância destes lugares e muitos inclusive dependem da atividade turística para sobreviver", disse Brancaglion.



Para ele, o fato de os manifestantes terem feito uma corrente humana em volta do museu ilustra a relação dos egípicios com os tesouros do país. "Isso não acontece apenas com o Museu Nacional do Cairo, mas também com o Museu do Papiro, o complexo das Pirâmides de Gizé, a Esfinge, a Necrópole de Saqqara e etc. Todos sabem da importância destes patrimônios, principalmente no Cairo, onde a principal atividade econômica é o turismo", afirmou.



Medidas



A ameaça, porém, ainda não demanda a intervenção da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) ou de outras organizações, na opinião de Brancaglion.



"O máximo que pode ser feito, pelo menos por enquanto, são campanhas por parte da Unesco e da própria imprensa reiterando a importância dos museus do país e mensurando o tamanho da perda caso algum destes lugares seja danificado. Mesmo assim realmente acredito que a própria população tem consciência desta importância e irá zelar por isso, a não ser que futuros acidentes aconteçam durante os protestos, como foi o caso desta tarde", concluiu.
Fonte: http://operamundi.uol.com.br/noticias/PATRIMONIO+HISTORICO+DO+EGITO+CORRE+RISCO+COM+CRISE+POLITICA+DIZ+EGIPTOLOGO+BRASILEIRO_9227.shtml

terça-feira, janeiro 11, 2011

Cidade de Goiás, o perigo das águas!


Enchente assusta cidade de Goiás
Nove anos após tragédia que destruiu centro histórico, Rio Vermelho transborda na antiga capital
por Alfredo Mergulhão para o jornal O POPULAR

Goiás, 11 de janeiro de 2011.
Nove anos após a enchente que destruiu praticamente todo o Centro Histórico da antiga capital, os moradores da cidade de Goiás voltaram a temer a força das águas do Rio Vermelho. O nível do rio chegou a subir cinco metros na manhã de ontem no trecho que passa ao lado da casa onde viveu a poetisa Cora Coralina, devido às chuvas que caíram desde a noite de domingo. Cerca de 31 residências foram atingidas pela inundação, uma ponte na Avenida Beira Rio ficou submersa e teve de ser interditada e quatro pessoas ficaram desalojadas. A previsão é de mais chuva para hoje e há preocupação com a possibilidade de novos problemas.


O transbordamento começou por volta das 9 horas e pegou os moradores de surpresa. Na véspera fez sol. Choveu fino durante a noite. E o temporal chegou com a madrugada. As águas subiram rapidamente no começo da manhã, fazendo com que comerciantes recolhessem às pressas mercadorias das prateleiras das lojas que ficam nas margens do rio.

A expectativa é grande pela liberação da passagem, já que a rodovia é uma das mais usadas no Estado, dando acesso ao Vale do Araguaia. O governador Marconi Perillo, que sobrevoou a região ontem, esteve no local e conferiu o trabalho que está sendo feito pelos militares na montagem da ponte.(A.M.)



O nível do rio aumentou no intervalo entre a ida e a volta do aposentado Nestor Marques, de 70 anos, ao supermercado. "Fui comprar carne e, quando voltei, a enchente arrastou quase 40 galinhas que tinha no quintal". Depois da chuva, ainda era possível ver algumas das aves mortas, presas nos galhos nas margens do rio.

Uma das galinhas ficou parada no quintal do funcionário público, que vai até a margem do rio. "Peguei quatro tartarugas dentro de casa e devolvi", disse. O professor Estevão Gomes Sá, de 40 anos, passou a manhã observando o curso d’água para saber se teria de deixar a casa onde nasceu e ainda vive. "O barulho da correnteza dava medo", revelou.

Logo que as águas chegaram à ponte próxima à casa de Cora Coralina, todo acervo histórico foi retirado por precaução e guardado no Convento das Dominicanas, ao lado da Igreja do Rosário. "Ensacamos e levamos tudo, com medo da água entrar", disse Antolinda Borges, a Tia Tó, ilustre moradora da cidade de Goiás. O resgate dos objetos foi realizado já com as águas do rio invadindo a rua. O local está fechado para visitação.

A força da enxurrada arrastou o calçamento de um trecho da Avenida Beira Rio e deixou parte da via destruída. Perto das 11 horas, o volume de água transpôs a Ponte do Carmo, que dá acesso ao Hospital de Caridade São Pedro D´Alcântara. Uma viga de sustentação foi rompida pela correnteza. "Não há segurança para passagem de pedestres e veículos", afirmou o capitão Ézio Antônio de Barros, subcomandante do Corpo de Bombeiros no município, justificando a interdição da passagem.

A corporação está em estado de alerta. Um reforço de 20 oficiais da equipe náutica de Goiânia chegou no começo da tarde de ontem, equipados com canoas, botes infláveis, mergulhadores e salva-vidas. Mas até a noite de ontem eles não tiveram trabalho. O nível do rio voltou ao normal por volta das 14 horas. Durante a manhã, o governador Marconi Perillo sobrevoou a cidade e a região de helicóptero.

Prefeitura tenta canal para desafogar vazão

Assim que cessou a chuva, a Prefeitura iniciou a construção de um canal para ajudar no escoamento das águas do rio, no formato de um arco. A passagem desviaria parte das águas por fora da antiga barragem da usina hidrelétrica do município, que acaba represando a correnteza. O canal não chegou a ser concluída ontem. Após a estiagem também começaram os trabalhos de limpeza. A Avenida Beira Rio estava tomada por terra arrastada junto à água barrenta do manancial. Um carro pipa da Prefeitura ajudou a lavar os locais mais afetados, como a Praça da Bandeira, onde está situada a sede do Executivo municipal.

No entanto, ainda havia o temor de novo transbordamento. O secretário de Meio Ambiente da Cidade de Goiás, Júlio Crosara, disse que para isso acontecer não precisava sequer chuva no trecho urbano do rio, mas somente na região do Ouro Fino, onde ficam as nascentes, há 12 quilômetros do centro histórico. "É uma bacia grande, com mais de 30 córregos que desaguam no Rio Vermelho", disse, olhando seguidamente para a serra que cerca a cidade, verificando se o tempo iria fechar.

Cidade colonial, Goiás foi construída nas margens do Rio Vermelho, em função da atividade mineradora. A destruição das matas ciliares e da vegetação permanente nas encostas é evidente. Quase não há espaços para o solo absorver as águas, pois está praticamente impermeabilizado. "O rio ficou estreito com as edificações. A canalização não suporta as chuvas mais fortes", disse o subcomandante dos Bombeiros, Ézio Antônio de Barros.

Dentro da cidade, o Rio Vermelho ainda recebe as águas do Córrego Monegone, que passa ao lado da Prefeitura. O prefeito Joaquim Berquó Neto mostrou à reportagem do POPULAR o local onde os dois cursos d’água se encontram. "Aqui também inundou tudo", disse o prefeito, apontando para a rua Professor Alcides Jubé. Berquó já espera os prejuízos econômicos no município, uma vez que várias pontes caíram na zona rural, o que atrapalha o escoamento. Existem 23 assentamentos na Cidade de Goiás, totalizando mais de mil famílias que recorrem ao mercado local.

O prognóstico não é bom para os próximos dias, com previsão de mais chuvas. Em todo o mês de dezembro passado, choveu na Cidade de Goiás o equivalente a 233,1 milímetros. Só nos primeiros 10 dias de janeiro as chuvas equivaleram a 313,2 mil. No final de dezembro de 2001, quando ocorreu a tragédia em Goiás, choveu durante todo o mês 346,7 milímetros, o que demonstra possibilidade de repetir os problemas. Segundo a superintendente de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Secretaria de Ciência e Tecnologia, Rosidalva Paz, a situação é cautelosa. A maior atenção deve ser à noite, quando o volume de chuva tem sido maior. "Senão vai estourar tudo de novo", disse.(A.M.)

Liberado o tráfego na BR-060

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) liberou por completo o tráfego de todo tipo de veículo pelo acostamento da BR-060, em Alexânia, onde uma erosão tomou conta de uma das pistas da rodovia. Até ontem, o tráfego de veículos pesados era feito por meio de dois desvios pela BR-070 e 414 e somente veículos pequenos estavam autorizados a passar pelo local. Segundo a assessoria do Dnit, as obras necessárias à contenção da erosão foram concluídas e não há riscos em trafegar pelo local. Já as obras de recuperação da rodovia só terão início após o fim do período chuvoso. (Deire Assis)

Ponte provisória fica pronta

A ponte provisória montada emergencialmente pelo Exército desde o fim de semana sobre o Rio das Pedras, na GO-070, no perímetro urbano de Itaberaí, será liberada no início da tarde de hoje. A ponte que existia no local caiu no início da semana passada, após um período intenso de chuvas na região, causando muitos transtornos.


Esperemos que a situação se acalme, mas se não se acalmar, será prudente o IPHAN já pensar em organizar uma força tarefa para o salvamento do acervo ameaçado, sugestão essa que creio já está nos planos da 14ª SR.

segunda-feira, janeiro 10, 2011

CORA CORALINA CORAÇÃO DO BRASIL

CORA CORALINA - CORAÇÃO DO BRASIL - Depois de uma estreia vibrante em 2009, quando foi vista por mais de 400 mil pessoas no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, a mostra idealizada pela curadora Júlia Peregrino ocupará todo o segundo andar do CCBB e oferecerá ao visitante um mergulho de grande impacto visual no universo de Cora Coralina, nascida Anna Lins dos Guimarães Peixoto – a poetisa, intelectual, comerciante, sitiante, doceira e militante das causas nobres que marcou a vida brasileira por quase um século. Correspondência, manuscritos, artigos, fotografias e os mais diversos documentos poderão ser vistos e sentidos de várias maneiras. Centro Cultural do Banco do Brasil, Rua Primeiro de Março, 66, Centro (3808-2020). 3ª a dom., das 9h às 21h. Grátis. Até 13 de março. A partir de 3ª, 11 de janeiro.

Fonte:http://www.jb.com.br/programa/noticias/2011/01/06/as-melhores-exposicoes-da-cidade-2/

sexta-feira, janeiro 07, 2011

TRÉGUA DE SEIS MESES

ENTREVISTA/GIlVANE FELIPE




Peço uma trégua de seis meses’
por Rógerio Borges para O POPULAR
 
Gilvane Felipe mal tomou posse na presidência da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico (Agepel) e já está às voltas com mudanças. Neste momento, a mudança é física. Seu atual gabinete, no Palácio Pedro Ludovico, é provisório. "Estamos de mudança para o prédio da antiga Procuradoria do Estado, na Praça Cívica", anuncia o novo titular da pasta. "Fica em frente ao Palácio das Campinas, antiga sede da Prefeitura de Goiânia. Vamos fazer uma coisa bacana lá", garante Gilvane, já se mostrando bem à vontade em sua nova função. Nome desde o início ventilado para compor a equipe de Marconi Perillo e após receber apoio de vários representantes de segmentos culturais, o ex-secretário de Ciência e Tecnologia e ex-superintendente do Sebrae assume a Agepel com alguns desafios. Na entrevista que concedeu ao POPULAR, ele assegura que vai lutar pela implementação do Fundo Estadual de Cultura, anuncia que promoverá mudanças no Fica, garante que não se importa em não administrar o Centro Cultural Oscar Niemeyer - atribuição que ficou com um grupo de gestão dirigido por Nasr Chaul - e pede trégua aos que viram sua indicação com ceticismo.


Quais são as prioridades de sua gestão na Agepel? Há mudanças à vista?

As nossas diretrizes serão definidas num planejamento estratégico participativo. Estabelecemos três eixos. O primeiro deles é a participação. Nesse processo de planejamento estratégico participativo, todos os segmentos que têm ligação direta ou indireta com a Agepel serão ouvidos. O segundo é o da inovação. A inovação tanto do processo produtivo interno como de programas e projetos. Eu fiz isso na Secretaria de Ciência e Tecnologia e no Sebrae e deu certo. O terceiro pilar será a universalização do acesso aos bens culturais. Queremos fazer com que a Agepel deixe de ser aquele local em que apenas uma pequena minoria é atendida, um pequeno número de cidades eleitas recebe ações da Agepel. Queremos que todas as regiões recebam essas ações. Vamos lançar um mapeamento econômico-cultural do Estado. Queremos saber quem produz cultura, o que, onde, quanto isso gera, quanto a produção cultural representa no PIB de Goiás. Não queremos que a cultura seja vista mais como um luxo, um capricho dos governos e, para muitos, uma despesa desnecessária.

Há a chance de alguns dos grandes eventos, hoje concentrados em poucas cidades, serem itinerantes?

Essa é uma ideia que considero um pouco temerária. Ela não tem minha simpatia inicial, a não ser que o planejamento estratégico participativo defina o contrário e que o conjunto dos artistas venha com argumentos consistentes e sólidos. Mas a minha opinião inicial é que esses eventos têm em seu DNA o local em que foram criados. O que não implica que não possamos criar eventos itinerantes. Temos de manter essas estacas firmes e lançar novas, usando e abusando do que há de mais moderno, das mídias digitais. Acho que devemos e podemos avançar muito nisso. Eu estou otimista por dois motivos. Primeiro porque o segmento cultural, em sua grande maioria, respondeu bem à indicação do meu nome. Segundo, tive do governador um compromisso forte de que a cultura será valorizada. Eu acredito que nós, trazendo pessoas para nos ajudar a gerir as políticas culturais do Estado, construindo alianças com entidades e outras secretarias poderemos colocar o Fundo Estadual de Cultura para funcionar e ter um sistema estadual de cultura, montar uma rede para intercambiar informações.

Muitos segmentos culturais aprovaram seu nome para a Agepel, mas algumas pessoas se mostraram ressabiadas, se perguntando qual seu nível de intimidade com a área.

Foram poucas pessoas que levantaram essa questão. A maioria conhece o que nós realizamos na área de cultura, particularmente no Sebrae. O Sebrae de Goiás não tinha nenhum trabalho na área quando chegamos e lá criamos a primeira unidade de cultura do sistema Sebrae em todos os 27 Estados. Esse reconhecimento da maioria dos produtores culturais ao meu nome vem daí. Não é porque sou um artista. Posso até ter sido um menino arteiro, mas não sou artista. Sou historiador e me considero um pesquisador. Não estou aqui para concorrer com nenhum artista. Estou aqui porque a cultura merece uma gestão profissional, moderna, eficiente e participativa. Isso eu sei fazer. Sei lidar com pessoas, programas, resultados, novas tecnologias. Tenho sensibilidade com o segmento cultural. Às pessoas que duvidam, que são céticas, eu peço uma trégua de seis meses. Todo governo democrático merece uma trégua, mesmo que a gente tenha votado em outros, para que as pessoas se estabeleçam, mostrem seus planos, suas intenções. Não estou dizendo que sou melhor. Estou dizendo que consigo gerir a pasta da cultura porque tenho capacidade e formação para isso. E tenho muito trânsito junto ao governador.

Você chega a um governo que rompeu com a administração anterior. Como é receber a Agepel nesse contexto ? Existem pressões para interromper ações da gestão anterior?

Eu já vivi experiências piores. Eu fiz parte do primeiro governo Marconi. A radicalização ali foi bem pior. Quando assumimos em 1999, a coisa ali estava muito conflagrada. Não o governador, mas algumas pessoas do governo na época defendiam até caça às bruxas. Eu nunca entrei nessa onda porque não acredito nisso. Quando você assume uma gestão, é preciso ter os olhos no futuro. Eu não sou, de forma alguma, apegado a picuinhas. Eu não ficaria aqui procurando cabelo em ovo. Minha vontade aqui é virar a página.

Houve, na gestão anterior, mudanças importantes na Lei Goyazes. Você as aprova?

As mudanças não foram feitas nos gabinetes e sim coletivamente. Foram mudanças positivas. O que não significa que ainda não haja mudanças que precisam ser feitas. A maior reivindicação que tenho ouvido é a implementação do Fundo Estadual de Cultura. Esse é um desafio. Sou um otimista e terminaremos a nossa gestão com o Fundo Estadual de Cultura funcionando.

Um fundo com 0,5% ou 1% do orçamento estadual?

Essa questão, hoje, não está bem definida. No debate eleitoral, o senador Marconi assumiu o compromisso de, gradativamente, aumentar a dotação da cultura até chegar a 1%.

O Centro Cultural Oscar Niemeyer terá um grupo de gestão próprio, com a possibilidade de outras unidades também saírem da responsabilidade da Agepel. Essa divisão não pode gerar atritos?

Nasr Chaul foi meu professor, somos antigos amigos. Nós temos uma relação pessoal e política excelente. Acho que ter uma gestão para um espaço como o Oscar Niemeyer é uma medida correta. Não é o filé mignon da política cultural gerir espaços. Não vejo nenhum problema. Pelo contrário. Nesse momento, em que ainda há algumas pendências, com a assinatura até de um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público, é interessante que haja esse grupo executivo para que a Agepel possa cuidar das políticas culturais. Vejo isso como uma fase. Não haverá nenhum confronto. Isso não vai gerar dois polos de poder na cultura goiana.

Isso não esvazia a Agepel?

De forma alguma. Pelo contrário. Nesse momento, esse comitê torna mais leve a gestão da Agepel. Quer outro problema que eu passaria agora para o Chaul, se o governador desse o endosso? A questão da estátua do cavalo do Pedro Ludovico. Eu passaria isso ontem!

Problema que vem desde os tempos de Chaul na Agepel.

Sim, vem de muito tempo. É por isso que eu digo que o gestor, muitas vezes, perde muito tempo com questões que, comparadas com a grandeza da política cultural no Estado, são problemas menores, pontuais. Eu sou favorável a vários espaços terem também gestões autônomas. Por exemplo, o Martim Cererê. Eu não tenho nenhuma objeção que estabeleçamos um contrato de gestão com uma Oscip, com prestação de contas, metas a ser atingidas, da maneira mais transparente, para administrar o Martim Cererê. Isso não esvazia a Agepel.

O Fica é o principal evento cultural do Estado. Já surgiram propostas de mudanças em seu modelo de financiamento. Como você encara essa questão?

O Fica deve ter aprovação massacrante da população, mas existem críticos mordazes do evento. Já vieram me defender, inclusive, a extinção do Fica. Queremos reinventar o Fica, renová-lo. Não queremos que ele caia na mesmice. Eu pretendo já neste ano ter um fórum de discussão sobre o festival. Queremos recuperar o glamour do evento, que ficou meio esmaecido nesses últimos anos. Acho que tem de trazer grandes nomes. Todos os grandes festivais levam esses nomes, por que essa visão provinciana de que não podemos trazer? O orçamento do Fica precisa ser repensado. Discutia com o Nasr Chaul que a maior parte dos gastos do Fica na gestão dele vinha da iniciativa privada. Isso mudou. Hoje, o recurso que banca o Fica vem dos cofres públicos. Minha meta é voltar ao que era antes. Envolver o financiamento privado, grandes empresas em seu financiamento.

Desafios para a Agepel

Ao menos por enquanto, Gilvane Felipe, o novo presidente da Agência Cultura Pedro Ludovico (Agepel), pode contar com a boa receptividade dos artistas e produtores culturais goianos. O espaço dado à cultura em sua gestão à frente do Sebrae deixou muito gente otimista com sua atuação à frente do órgão estadual. Embora não seja um artista, é reconhecido por muitos como capaz para o cargo e interessado pessoalmente em cultura e artes. Questões como projetos que tenham continuidade, e não apenas eventos, assim como o cuidado com a interiorização da cultura e o acesso da população aos bens culturais foram as principais demandas citadas pelos entrevistados do POPULAR.

Vera Bicalho, diretora geral da Quasar Cia. de Dança, destaca que o gestor cultural, independentemente da origem, tem de ter "a preocupação em dar fomento em todas as áreas de manifestação cultural". No entanto, ressalta, além de estabelecer programas de incentivo, é preciso estimular a manutenção e a circulação da arte e da cultura.

"Eventos e leis de incentivo à cultura são importantes, claro, mas infelizmente eles não contemplam a amplitude que é a manutenção e a difusão de projetos, seja aqueles que já estão em andamento ou de novos projetos, trabalhos de grupos já estabelecidos ou de iniciantes. É preciso dar valor aos grupos locais."

"Aproximar o povo da cultura." Esta é a principal preocupação de Hélio Moreira, presidente da Academia Goiana de Letras. Para ele, a crença de que a população em geral não aprecia a leitura não procede. "Na verdade o povo não lê porque não tem acesso. Temos um projeto em que crianças da rede pública de ensino são levadas a conhecer a nossa sede e elas adoram, é emocionante ver o interesse delas. Sei que pode parecer restrito, mas se ninguém fizer a sua parte", comenta Hélio Moreira.

Outra questão apontada por ele é a valorização da cultura popular do interior, citando como exemplos a Orquestra de Violeiros de Mineiros e o museu de Itaberaí. "Na gestão anterior a cultura em geral não foi bem contemplada. Desta vez, acho que poderemos manter um diálogo que valorize a cultura goiana. Defender a literatura goiana é prerrogativa nossa, mas não a única."

O dramaturgo, diretor e ator Marcos Fayad está esperançoso quanto ao novo titular da Agepel, elogiando suas credenciais. "O Sebrae nunca contratou ninguém que não fosse bom, então as expectativas com o Gilvane são boas, sim", diz o diretor. Para ele, a missão da Agepel é árdua, pois as demandas culturais em Goiás são tantas que chega a ser difícil apontar as mais urgentes.

Ele destaca, mesmo assim, que dentre os desafios da nova administração um dos principais seria promover mudanças na Lei Estadual de Incentivo à Cultura, a Lei Goyazes. "Com os recursos obtidos com a lei, a gente consegue montar um espetáculo, apesar das dificuldades, mas não consegue custear uma temporada. Não há como ter continuidade."

Presidente da Associação Brasileira de Documentaristas, seção Goiás, Leandro Cunha argumenta que o novo presidente da Agepel foi um bom administrador do Sebrae. "Espero que ele traga a experiência adquirida lá, na área específica da cultura, para a Agepel." Leandro destacou o interesse do Sebrae no audiovisual, citando iniciativas com o empório realizado durante várias edições do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás(Fica).

O Fica, um dos eventos de maior visibilidade da Agepel, ressalta Leandro, é um dos exemplos da política cultural que deve ser mantida, mas ele tem suas ressalvas. "O Fica é muito importante para o desenvolvimento do audiovisual em Goiás, mas aspectos como a produção e a exibição precisam ser tratados com um perfil de continuidade, não só de evento em si."

Considerada um dos focos da música sertaneja do País, Goiânia tornou-se também, desde os anos 90, símbolo do rock alternativo e independente. Fabrício Nobre, um dos criadores da Monstro, produtora cultural responsável por parte considerável da cena roqueira goiana que tem projeção no País e no exterior, defende uma política cultural de "ocupação plena dos espaços culturais existentes".

O uso equilibrado do Fundo Estadual de Cultura e a interiorização da política cultural são outros pontos citados por Fabrício, assim como a repaginação dos eventos oficiais. "Porém, é preciso em primeiro lugar fazer um mapeamento dos eventos e projetos culturais existentes no Estado. A Agepel precisa saber o acontece na área cultural e não só as coisas estabelecidas."