quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Obras de Pablo Picasso já estão em Goiânia


O Popular - Rogério Borges

Uma boa mão de tinta nas paredes, um reparo com argamassa aqui, outro ali, um rápido conserto em uma eventual goteira. Quem chega hoje ao Museu de Arte Contemporânea de Goiânia, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, vai se deparar com pintores e marceneiros dando os últimos retoques no local que vai abrigar a mais importante exposição de artes plásticas que a cidade já recebeu.


A mostra Picasso: Paixão e Erotismo, que tem a curadoria de Fábio Magalhães e será aberta ao público, dentro das atividades do Circuito Cultural Banco do Brasil, dia 28, traz à cidade 89 gravuras do espanhol Pablo Picasso, um dos grandes da pintura mundial de todos os tempos. As valiosas peças chegaram a Goiânia em plena terça-feira de carnaval, vindas de uma reserva técnica em São Paulo, onde estavam armazenadas.


Descarregadas, as gravuras foram guardadas nas galerias anexas ao museu. O transporte do material foi mantido em sigilo, como rezam os contratos assinados entre os promotores da exposição e os detentores dos direitos sobre as gravuras. O MAC também ganhou um sistema de segurança extra até 11 de março, quando a mostra será encerrada. Uma equipe de guardas vai vigiar o museu, que não conta com esquema de segurança mais rígido. Todas as obras estão seguradas.


Na verdade, a exposição das gravuras de Picasso não é uma atividade do MAC. O museu apenas cedeu o espaço físico. Os responsáveis pela montagem dos trabalhos dizem que o diretor do Centro Oscar Niemeyer, Marcílio Lemos, está dando todo o apoio logístico ao trabalho. O projeto arquitetônico-museológico, concebido por Pedro Mendes da Rocha, filho do famoso arquiteto Paulo Mendes da Rocha, prevê o aproveitamento do mezanino do museu, que teve paredes pintadas de branco e vermelho.


Na rampa que dá acesso ao andar superior, haverá um grande painel com a cronologia de Pablo Picasso. Textos do curador Fábio Magalhães e também do Banco do Brasil explicarão ao público detalhes da exposição. No primeiro piso do museu serão expostos trabalhos do artista plástico mineiro radicado em Goiás Fernando Thommen.


Detalhes

Outros detalhes técnicos precisaram ser providenciados para que o MAC pudesse abrigar a mostra. Houve uma intervenção na iluminação do recinto, para que ela se adequasse às normas internacionais para esse tipo de mostra.


As gravuras, que são feitas em papel, são bastante vulneráveis em relação às condições do ambiente. Sobre elas só podem incidir 60 lux (medida da intensidade da luz). Por essa razão, o público vai encontrar uma mostra que terá como característica uma certa penumbra. A temperatura também é controlada, devendo ficar em 22 graus Celsius, e a umidade precisa estar em aproximadamente 50%.


Em Goiânia, que tem um clima seco, foi necessária a umidificação do museu. São minúcias sem os quais a mostra não pode ser realizada. A equipe que veio montá-la, precavida, trouxe junto material para fazer as adaptações necessárias no espaço, chamadas polidamente de “deficiências totalmente supríveis.”


Esta semana, os trabalhos estão sendo submetidos aos laudos técnicos, em que a exposição é registrada no histórico de cada obra e são conferidas suas condições de preservação. Tudo isso é documentado e remetido ao dono das gravuras, o colecionador italiano Pier Paolo Cimatti, um amante das artes que vive em Milão e é dono da editora Torcular, especializada em livros de arte e edição de catálogos, principalmente na reprodução de gravuras de renomados artistas europeus. Cimatti tem uma significativa coleção particular que, além de Picasso, inclui obras De Chirico e Max Ernst.


Ele cedeu as gravuras para a exposição itinerante, que já passou por Belém (PA), Brasília (DF), Teresina (PI), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG). Ao todo, mais de 100 mil pessoas já puderam apreciar as gravuras de Picasso no País dentro do Circuito Cultural Banco do Brasil.


Os organizadores não parecem preocupados com os problemas que tiveram de resolver em Goiânia. Eles afirmam que museus em que atividades são promovidas há mais tempo, como os de Curitiba e Belo Horizonte, por onde a mostra passou, é menor o número de adaptações. Portanto, eles vêem com naturalidade o fato de um museu recém-inaugurado, como a atual sede do MAC, precisar de retoques para exposições desse porte. Em relação ao público, eles acreditam que haverá grande interesse, a exemplo do que ocorreu nas outras cidades em que os trabalhos estiveram.


Essa mostra seria apresentada em Goiânia no final do ano passado e as obras chegaram a estar na cidade, mas, num episódio que até hoje não foi devidamente esclarecido, as gravuras foram reembarcadas e rumaram para Brasília. Na época, alegou-se que havia problemas de agenda, mas nos bastidores circularam versões de que o adiamento deveu-se a discordâncias políticas entre o governo federal, do PT, e o estadual, apoiado pelo PSDB. Na época, as duas legendas se enfrentavam nas urnas na eleição presidencial. 21/02/2007
Fotografia: Deolinda

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Pesquisador recupera a história do Lago das Rosas

Um ótimo trabalho sobre um ponto tradicional de Goiânia, o Lago das Rosas.

A data exata de fundação do Lago das Rosas, onde está o Parque Zoológico de Goiânia – atualmente na iminência de ser transferido para o Jardim Botânico –, sempre foi uma indefinição entre os estudiosos.

Alguns dizem que foi em 1941, outros em 1942 e terceiros citam 1945. O historiador Aldair Queiroz, que concluiu recentemente um mestrado de Gestão do Patrimônio Cultural pela UCG e, junto, uma extensa pesquisa sobre um dos principais cartões-postais da capital goiana, afirma que já é possível pôr fim à dúvida. No estudo, ele define o ano de 1941 como marco inicial. Como produto da pesquisa, o Lago das Rosas até ganhou um endereço na internet.

O site (www.utopix.com.br/lagodasrosas ) tem uma série de imagens e documentos antigos, além de um histórico que traz curiosidades, como a chegada dos primeiros animais do Zoológico ou como era a primeira piscina de Goiânia. “Ao longo de três anos de pesquisa descobri fatos interessantes, que nunca imaginei terem acontecido”, relembra. Para levantar os dados, ele foi buscar informações em documentos de arquivos públicos. A idéia de saber mais sobre o lugar surgiu por acaso.

Morador desde pequeno da região próxima ao Lago, Aldair primeiro pensou em estudar a mureta e o trampolim, construídos no estilo art déco. Já no início, porém, teve dificuldade em encontrar informações sobre o local, pois nada havia de registrado. Então, resolveu ampliar o trabalho para todo o parque, sobre o qual teceu uma linha do tempo histórica que poderá orientar futuras pesquisas. O estudo reuniu tantos documentos e imagens que o estudioso resolveu ter também como produto o site.

A iniciativa, além de educadora, tem como objetivo despertar a consciência da população e governantes sobre a importância da preservação do lugar que faz parte da história dos goianienses.

Não é de hoje que as notícias sobre o Lago das Rosas nem sempre são tão boas. Depredado, mal conservado e alvo de vândalos, o cartão-postal sofre com o descaso. Falta de segurança, problemas como fiação de iluminação roubada e vazamento de esgoto assolam o patrimônio da cidade. Obras emergenciais foram iniciadas recentemente no local para deixá-lo em condições mínimas de utilização. A situação é penosa para um lugar que tem tanto para contar.

De avião
Não faltam histórias boas e curiosas na trajetória de formação do Lago das Rosas. Em 1956, por exemplo, data do início do Zoológico, o professor José Hidasi, também fundador do Museu Ornitológico, empenhou-se, ao lado do então responsável pela manutenção do parque, Saturnino Carvalho, até hoje lembrado pelos antigos moradores de Goiânia como “Seu Carvalho”, pela construção do lugar educativo.

No local já havia um minizoo, com bichos nativos criados por Carvalho. Nesta época muita gente já visitava o lugar para vê-los. Mas ainda faltavam animais que representassem a diversidade da fauna do Cerrado e de outras partes do mundo. Foi então que o professor Hidasi resolveu trazer para a cidade, de avião, animais vivos. “O modelo usado era uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB)”, conta Aldair. Os animais vinham da Fundação Brasil Central, que ficava em Aragarças, no interior do Estado.
No mesmo ano, ele também criou lá o Museu de Zoologia, com animais empalhados, abrindo o espaço onde hoje há livros especializados e funciona o Departamento de Educação Ambiental do Parque.

Na mesma época, Seu Carvalho começou a plantar hortaliças que abasteciam hospitais de Goiânia. Por este motivo o goianiense passou a ter a tradição de chamar o local de Horto.

O espaço passou definitivamente a ser dedicado à educação quando foi construído o primeiro museu e escola de arte da cidade e a casa de estudantes, o Castelinho, administrado pela então União Goiana de Estudantes Secundaristas.

Hoje, sob responsabilidade da União Municipal do Estudantes Secundaristas, o Castelinho, que conheceu intenso movimento estudantil principalmente na época da ditadura, com destaque para a mobilização feita na Rádio Universitária da UFG (ainda instalada lá), está abandonado. Antes de tomar a configuração de hoje, o Lago das Rosas fazia parte de uma grande fazenda doada por Urias Magalhães, situada no então município da cidade de Campinas (que tornou-se o atual setor).

No local, nascia o córrego Capim Puba, que deu o primeiro nome do parque. Às suas margens deveria haver, de acordo com o projeto da construção da nova capital, um park-way, para lazer dos cidadãos.
A construção de um aterro, por onde hoje passa a Avenida Anhanguera, a delimitação de uma represa com as águas da nascente e a construção das muretas, em 1941, delimitaram, segundo Aldair, o surgimento do parque. Anos depois, os cerca de 40 mil habitantes de Goiânia à época ganharam um balneário no local, com a primeira piscina da cidade. A represa das águas da nascente do córrego tinha 1,50 metro de profundidade e era cercada de canteiros de rosas.

Goianienses e campinenses passaram a ter uma opção popular de lazer que ficava justamente entre as duas cidades. “Figuras conhecidas como Gilberto Teles e Iris Rezende freqüentaram a piscina nesta época”, diz o historiador. O clube tinha uma piscina para adultos, o lago propriamente dito, que pela grande extensão podia receber muita gente, e uma menor para as crianças.

Para freqüentar o balneário, o cidadão precisava apresentar uma espécie de carteirinha de sócio, que o identificava e dava a permissão para o banho. O lugar acabou se tornando um dos pontos principais de encontro público, onde iniciou-se uma tradição de passeios ao ar livre, fosse para o banho nas águas do lago, fosse pela descoberta de animais que até então podiam ser vistos somente embrenhados no mato.

por Rodrigo Alves para o jornal O POPULAR
http://goiasnet.globo.com/cultura/cul_report.phtm?IDP=6383

terça-feira, fevereiro 06, 2007

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO É CRIME!

ASSÉDIO MORAL NA GUARDA CIVIL MUNICIPAL - VITÓRIA NA JUSTIÇA !
ESTÁ NO JORNAL DIÁRIO DO GRANDE ABC.

A Justiça do Trabalho condenou a Prefeitura de São Bernardo a pagar R$ 52,5 mil a um guarda civil municipal, que está licenciado por problemas psicológicos.

O valor é referente à indenização por danos morais. A decisão foi em primeira instância e o município tem 15 dias para recorrer.O autor da ação, Márcio Beu dos Santos, 33 anos, alega ter sido vítima de assédio moral pelo comando da Guarda Civil de São Bernardo. Segundo ele, tudo começou em 2002, quando recebeu licença médica por depressão.

O que o teria levado ao quadro seria a tensão sob a qual trabalhava. “Tinha muito medo de trabalhar desarmado. Na rua, a gente fica muito exposto. Nas outras duas Guardas em que trabalhei – São Caetano e Mauá – trabalhava armado. Em São Bernardo, me sentia muito inseguro.”Quando voltou a trabalhar, no final de 2003, o assédio teria começado. “Era tratado como mau exemplo diante de meus companheiros.”

Ele contou que foi colocado durante 40 dias para vigiar o quintal da sede da Guarda, no Centro da cidade. “Ficava vigiando três bancos de jardim, isolado.” Disse que trabalhava das 8h às 17h, com uma hora de almoço e com horário marcado para ir ao banheiro – 15 minutos de manhã e 15 à tarde.

A intenção do comando, segundo Beu, era afastá-lo do restante dos guardas e fazer com que pedisse demissão. “Nunca me esqueço do dia em que uma colega conversava comigo e um dos comandantes gritou para todos ouvirem: ‘Saí daí que você vai se queimar’”.

No final de 2004, pediu nova licença médica. O comando da Guarda decidiu, então, exonerá-lo do cargo.

Em janeiro de 2006, entrou com processo na 1ª Vara do Trabalho de São Bernardo, pedindo, além da indenização por danos morais, a anulação da exoneração.O segundo pedido ainda está em julgamento na Justiça Estadual.

A farda continua no guarda-roupas, mas ele afirmou que, segundo laudo médico, não tem mais condição psicológica para trabalhar na guarda."

Abordei a temática em 2006, por ocasião da realização por parte da PREFEITURA DE GOIÂNIA da 4ª Conferência Municipal de Cultura, onde servidores do MAG foram obrigados sob ameaças a participarem.

O indivíduo despreparado que se passa por diretor do MAG - falsidade ideológica - persiste em acreditar que é uma prima dona, ao ponto de designar guardas municipais com termos chulos e a destratar os servidores da casa.

É bom que saibam que dá trabalho sim, mas vale a pena lutar contra esse estado de coisas, por que ficar calado resulta em um alto preço – desmoralização do serviço público, desqualificação, auto-estima baixa, e etc.

E se não sabem, a Auditoria do Município é obrigada a investigar qualquer denúncia, até mesmo aquelas anônimas que citem os fatos, com dados e detalhes.

O cidadão, um guarda municipal vítima de assédio moral, lutou e será indenizado.

Não acreditem nunca que o sistema é maior, por que mesmo dentro do sistema, existem pessoas de bem e honestas.

E acreditem, uns tipos como esse, quando demitidos "à bem do serviço público" terão que se profissionalizar se desejarem alguma vaga na iniciativa privada. E ao que se sabe, a iniciativa privada já mostrou que o "tipo" não serve, demitindo-o.