Nos últimos tempos é fácil perceber que os recursos da União destinados à obras de restauração de prédios públicos municipais gera efeito colateral: os elefantes brancos ou seriam cor de rosa?
Primeiro foi a restauração da antiga Estação Ferroviária em Goiânia, uma pequena fortuna foi gasta ali e o prédio em perfeitas condições de uso permanece fechado. O poder público municipal descobriu que não tem projeto para o local?
E agora essa da Casa de Câmara e Cadeia de Pirenópolis que depois de restaurada corre o risco de retornar a sua função original: abrigo dos marginais, bebuns e desocupados de plantão. Ao contrário de Goiânia, a Prefeitura de Pirenópolis descobriu um modo de gastar o dinheiro da cultura em segurança pública. A cultura vai para o brejo, mas os desprovidos de casa e comida da segurança pública finalmente terão um prédio todinho restaurado apenas para eles. E ainda com a regalia de ao descer para o banho de sol, não precisar mais usar a escada usufruindo de um elevador novinho.
Como sugestão, quem sabe se cobrando ingresso dos turistas para visitarem os moradores da Casa de Câmara e Cadeia o promotor Cabral não consiga os recursos necessários para a construção de anexo ou puxadinho ao lado? Ou quem sabe, exigindo de quem é de direito e obrigação a construção do prédio, os recursos apareçam?
E assim caminha a cultura em Goiás, em Goiânia e agora também em Pirenópolis, berço de muitas cabeças pensantes do nosso amado Estado do planalto central do Brasil. E ainda argumentam que a restauração é que polêmica. É um espanto!
Restauração polêmica
Reformada, a Casa de Câmarae Cadeia de Pirenópolis, que deveria sediar Museu, corre o risco de voltar a ser prisão
por Rodrigo Alves para o jornal O POPULAR - Goiânia
Um imbróglio envolve a restauração da Casa de Câmara e Cadeia de Pirenópolis, que será entregue ao município hoje, a partir das 19 horas, com solenidade que reunirá várias autoridades.
Um imbróglio envolve a restauração da Casa de Câmara e Cadeia de Pirenópolis, que será entregue ao município hoje, a partir das 19 horas, com solenidade que reunirá várias autoridades.
O prédio público, no último ano sob responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para as obras, pode voltar a ser cadeia novamente. A restauração custou ao órgão federal R$ 242 mil.
Pela intenção inicial, o espaço – até o final de 2005 ainda usado como cadeia – se tornaria, por meio da Agência Goiana de Cultura (Agepel), o Museu da Imprensa de Goiás.
O problema é que nenhuma cadeia nova foi construída. Caso o município não tenha onde colocar novos presos, o local deverá voltar a ser prisão.
Antes do início das obras, um acordo entre o Iphan, o governo do Estado, o Poder Judiciário e Ministério Público determinou que os presos que estavam no local seriam distribuídos por unidades prisionais da região e que uma obra, a cargo da Agência Prisional, seria iniciada para a construção da nova cadeia. Até agora nenhum tijolo foi assentado.
O representante do Ministério Público na cidade, promotor Rafael de Pina Cabral, confirmou ao POPULAR que um compromisso foi firmado pela agência, em novembro de 2005, para a construção, dentro de 90 dias, da nova cadeia pública. “Tanto que um anexo do prédio que tinha celas foi entregue para desativação durante a reforma”, relembra. Segundo ele, na época, por volta de 50 presos foram transferidos para outros locais e a cidade, desde então, ficou sem cadeia. “É ótimo que busquemos a preservação histórica, mas a segurança não pode ser comprometida”, defende.
De acordo com a Prefeitura de Pirenópolis, a Secretaria de Justiça mantém a promessa, mas sem nenhuma data confirmada. “A intenção do município é que o espaço se torne mesmo um museu, mas isso ainda não pode ser afirmado”, sinaliza o secretário municipal de Administração e Governo, Cláudio Bernardo. Ele defende que é fato consumado que o prédio já tem a configuração de museu, mas que a cidade acabou ficando com um problema administrativo. “Não podemos ficar sem cadeia”, pondera.
Diante da situação indefinida, o promotor Cabral relata que o juiz da comarca de Pirenópolis teve de solicitar à prefeitura que o espaço voltasse à destinação antiga. “Há duas semanas tivemos uma reunião com todos envolvidos e se deliberou que uma solução rápida deve ser buscada”, conta.
A Secretaria de Justiça confirmou à reportagem, por meio de sua assessoria de imprensa, que o intuito de construir a nova cadeia continua de pé, mas, apesar da documentação para a obra estar acertada e o local escolhido, falta a liberação de verba do governo, prevista para maio.
Espaço cultural
Inicialmente, o espaço da Casa de Câmara e Cadeia de Pirenópolis está destinado a funcionar como espaço cultural. Integrando a solenidade de hoje, por exemplo, haverá abertura da exposição fotográfica Detalhe, compilação de recortes do patrimônio histórico de várias regiões brasileiras de autoria de Marco Antônio Galvão.
Além disso estão programadas para a noite as apresentações da banda local Phoenix e do grupo de choro de Goiânia Alma Brasileira. Se o projeto do Museu da Imprensa engatar, no ano que vem, quando a imprensa brasileira faz 200 anos, o espaço deverá ganhar um acervo digital do primeiro jornal goiano, Matutina Meiapontense, editado em Pirenópolis. “O projeto é de um museu interativo”, adianta Salma Saddi, superintendente do Iphan em Goiás, Tocantins e Mato Grosso.
Para o local estão planejadas duas salas de exposição, uma temporária e outra permanente com painéis sobre a imprensa brasileira e mundial, além de terminais de acesso e pesquisa on-line a antigos periódicos goianos.
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