sexta-feira, fevereiro 15, 2008

O pastor/ vereador Rusemberg decidiu retirar da estátua do "Bandeirantes" e substituí-la por um busto de Atílio.

Esse é um exemplo clássico de ausência de perspectiva do legislativo goianiense. O cidadão em questão, visando se auto-promover, inventa polêmicas para aparecer na imprensa local. A pergunta é qual o papel do legislativo? Não é elaborar leis que beneficiem a coletividade, fiscalizar os atos do executivo municipal, representar os cidadãos da cidade?

O pastor/vereador , um daqueles que militam na área "das pequenas igrejas grandes negócios", usa o seu tempo, pago e muito bem pago, pela povo goianiense, para "criar falsas polêmicas", tendo em vista que deve ser do seu conhecimento a Lei Municipal n.° 6962/1991, que declara a estátua do "Bandeirantes" patrimônio histórico goianiense.
Foto: Hélio de Oliveira - Goiânia - GO - Acervo: SECULT/ DPH



O autor da estátua é o escultor Armando Zago,italiano, e muito possivelmente a sua única obra instalada em praça pública, considerando que grande parte de sua criação se destinava a ornamentação de túmulos.

O "Monumento ao Bandeirante" lhe foi encomendado pelo Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito de São Paulo e foi entregue a cidade de Goiânia como um presente em 09 de novembro de 1942.

Um dos grandes problemas de Goiânia é a ausência de memória, o seu centro histórico perdeu quase toda a sua arquitetura civil do início da cidade, um dia teve um Museu de Arte Moderna, que sumiu sem deixar rastros, Clovis Graciano um dia fez um painel em homenagem ao trabalhador que por interesse de um prefeito da cidade foi sumariamente demolido, as ruas mudam de nome da noite para o dia, a arquitetura modernista vai ao pouco desaparecendo, do mesmo modo que grande parte da art déco, e pior sendo substituída por estilos sem estilos. O carnaval transformou-se em pecado graças a influência de pastores "evangélicos" no executivo municipal, o estado laico se tornou refém da fé de uns e outros.

Com tanta disposição para o trabalho demonstrada pelo pastor/vereador, quem sabe não atine com vontade de saber a onde a SECULT está investindo os recursos do FAC? O Fundo de Apoio a Cultura Municipal é um cheque em branco, usado pela SECULT ao bel prazer, sem qualquer transparência. Eis ai uma grande missão para o vereador, fiscalizar as atividades do executivo municipal e em especial, a SECULT.

7 comentários:

Renato Rocha disse...

Deolinda,

Desculpa, mas eu achei boa essa iniciativa do Deputado. Nem tudo que faz parte da memória merece ser preservado. Tem coisas que nao devemos esquecer, mas enaltecer a imagem de um Bandeirante, que veio para Goyas com o intuito de trazer o progresso e o desenvolvimento, sob a miríada de colonizar/dominar os povos originários dessa terra, e que enganou os indíos, matou algum deles, e lhe robou boa parte do ouro. Nao me parece ser uma boa pessoa a ser homenageada.

Deolinda disse...

Renato, ao contrário, tudo que faz parte da memória deveria ser preservado. São com os erros que aprendemos, do contrário estamos acreditando que todos os dias acordaremos e teremos que reaprender a usar o carfo e a faca.
Quer um exemplo? O acidente do Césio 137. Para esconder o problema construíram no local o um"centro cultural" e o que aprendemos com isso? A contar a história que queremos.
É o mesmo caso dos bandeirantes, na época deles fizeram o seu papel e deixaram pegadas na história. Enquanto isso alguns séculos depois, um vereador/pastor, busca colonizar essa cidade e o seu povo, para que estejam associados a mais uma "pequena igreja, grande negócio". E levanta a bandeira da defesa dos índios mortos no passado. O protestantismo em suas missões pela amazônia fez o que mesmo? Lavagem cerebral ou massagem no ego dos índios brasileiros?
O patrimônio cultural brasileiro precisa ser respeitado, e não é com idéias de "destombamento" que isso acontece. Vamos lá, quais ações que visem fiscalizar os desmandos na SECULT esse pastor empreendeu? A conservação do patrimônio art déco onde foi que esse cidadão atuou para obrigar a prefeitura a investir recursos na preservação dos mesmos?
Atílio, se vivo fosse morreria de vergonha se visse a Goiânia que concebeu. O grande pasto do protestantismo do cerrado, repleta de corruptos, mal cuidada,e mais ainda se tivesse que ocupar o poleiro do Bandeirantes.

luciano disse...

BANDEIRA MACABRA

Arranquem o Bandeirante!
Levem-no para o matadouro!
E com o produto de sua carne de bronze barato
matem a fome dos mendigos que pululam na Av. Anhangüera.
O resto? – não sobra resto, o que sobram são bocas
escancaradas de dentes amarelos, que a fome secou os lábios,
mandem-no espetado na ponta dum chuço
aos “acadêmicos” de sua terra!
Dependurem-no à entrada do salão nobre do “XI de Agosto”.
Deixem o sangue escorrer, sujar o mármore, o tapete,
cair aos pedaços nauseabundos, num brado de revolta,
de pranto, de dor.
“Sou um pedaço roubado à fome dos seus irmãos,
que homens desta terra, espalharam noutras terras,
levados pela ambição!
Nunca houvesse “bandeirante”, jamais seria preciso me
Retalharem no açougue da fome, porque os seus homens
levaram o mal desta terra, o mal do mundo civilizado
para os domínios do índio goiá!”
Retirem o Bandeirante!
Desentulhem a Avenida!
E já que as suas carnes não matam a fome do mundo,
fique livre o trânsito para o desfile macabro da miséria,
e sirva o seu pedestal de “ponto” àquele mendigo
que encontrou os lugares ocupados.
(LIMA apud TELES, 1983, p. 380)

gougon disse...

Primeiramente, quero cumprimentar (e efusivamente) o autor ou autora deste blog que é pra lá de importante, pertinente e muito útil à comunidade e a pesquisadores como eu que o encontrou quando fazia busca sobre um painel-mural de Clóvis Graciano na cidade de Goiânia. Tenho interesse muito grande em conhecê-lo (o painel-mural) e se alguém dispor de foto, que seja em preto e branco ou não, gostaria de poder apreciá-la. O que desejo esclarecer é que cheguei aqui ao encontrar na Web uma referência ao painel, justamente mediante um ato legislativo do tal vereador, que reproduzo aqui:

"Gabinete da Vice Presidência
PROJETO DE LEI N°058 DE 25 DE MARÇO DE 2.008
PROCESSO N. 2008/0506
"DISPÕE SOBRE A RECONSTRUÇÃO DO PAINEL/MONUMENTO DA PRAÇA DOS
TRABALHADORES, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS”
A CÂMARA MUNICIPAL DE GOIÂNIA APROVA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:
Art. 1º - O Painel/Monumento da Praça dos Trabalhadores, localizada no Setor Norte Ferroviário será reconstruído, no seu formato original, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data da publicação desta Lei, conforme os procedimentos determinados pela legislação vigente, nos termos do que dispõe o artigo 10, das Disposições Transitórias da Lei Orgânica do Município de Goiânia.
Art. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
SALA DAS SESSÕES DA CÂMARA MUNICIPAL DE GOIÂNIA, aos 25 dias do mês de Março de 2.008 RUSEMBERGUE BARBOSA
Vice Presidente da Câmara Municipal de Goiânia

-o-o-o-o-o-
Bem, pelo exposto, fiquei radiante com a iniciativa, mas depois que li sobre a intenção dele de derrubar o monumento Bandeirante, que hoje é uma obra de orgulho de Goiânia, já não sei como me posicionar sobre a iniciativa do mesmo vereador pela reconstrução da obra do artista Clóvis Graciano, que a ditadura militar derrubou em 1968. Acho que a iniciativa é muito importante, mas me arrepia que ela parta de um vereador no mínimo polêmico, que, em outra ponta, pretende derrubar uma obra da importância do "Bandeirante" na cidade de Goiânia.
Como não sou de Goiânia, mas sou muito próximo, no mesmo chão do Planalto Central, e por ter laços de amizade e de família na capital goiana, peço ao autor (a) do Blog que me esclareça alguma coisa sobre o vereador e sobre a real possibilidade de ver esta obra do artista Clovis Graciano restaurada na cidade. Trata-se de uma idéia louvável e muito importante não apenas para Goiânia, mas para o Brasil, já que se trata de um painel executado originalmente em pastilhas italianas (um grande mosaico, que foi uma linguagem plástica muito empregada por Graciano em outras localidades públicas em S. Paulo e também em Santos, no litoral). E ainda mais: o painel complementa outra obra, no mesmo local, do grande artista plástico e professor emérito Élder Rocha Lima, hoje residente em Pirenópolis. Se puder me fornecer mais alguma informação a respeito (sobre a seriedade ou não do tal vereador, e sobre a real possibilidade de a prefeitura de Goiânia vir a reconstruir efetivamente a obra de Graciano), agradeço de coração.
Tenha a certeza de contar com um amigo em Brasília, Gougon
(hgougon@gmail.com)

Anônimo disse...

"Tem coisas que nao devemos esquecer, mas enaltecer a imagem de um Bandeirante, que veio para Goyas com o intuito de trazer o progresso e o desenvolvimento, sob a miríada de colonizar/dominar os povos originários dessa terra, e que enganou os indíos, matou algum deles, e lhe robou boa parte do ouro."


Ele é fundador de Goiás, Goyaz não existia. Para os índios o ouro não tem o valor que tem para vc ou para os bandeirantes da época. Se o Bandeirante não tivesse conquistado esse território vc não seria goiano e a história seria outra. Parece que está na moda olhar para o passado com os valores de hoje, não é só gente sem estudo que faz isso.

Anônimo disse...

A pobreza cultural desta terra é cada vez mais abissal. Agora os goianinhos não sabem mais que o Bandeirante é o FUNDADOR de Goiás. Virou apenas um matador de índios. E os goianinhos são o que? Vieram de onde?

Mandem também derrubar Goiás Velho, o patrimônio que não vale nada para os goianinhos. Aquilo é obra do matador de índios na visão dos goianinhos. Derrubem tudo, inclusive Goiânia que é obra dessa civilização branca. Aí se eu tivesse uma bomba atômica, deixaria os goianinhos felizes. Haja boçalidade e filósofo barato nesse estadinho.

Anônimo disse...

Tudo bem que Goiás não existiria sem este Diabo Velho, mas não é motivo para ser homenageado como Herói e não a motivo para se orgulhar em uma conquista onde gera enganação escravidão, matança, carnificina...
Eu gostaria de não ver mais aquela estatua no centro da cidade.
Quanto as memória? Enterre-a! É isto que fazemos com gente morta...