quarta-feira, março 12, 2008

14ª SR- IPHAN loteada por políticos goianos.

Uma noite dessas, ou melhor na virada da madrugada, por que o Jornal da Globo é para os insones,assisti na TV uma interessante matéria sobre os hábitos da corte portuguesa quando aqui aportou.

O Rio de Janeiro era uma cidade de 46 ruas, do tamanho de Porangatu. Dá até para filosofar “tudo que começa pequeno vai terminar grande.” Piadinha inocente gente!

Mas, se você não é insone e não assistiu, o resumo. Na corte portuguesa os cargos públicos eram comprados. E todos esperavam que tais cargos fossem um bom negocio. Um negocio de futuro, onde o dono do cargo fazia a coisa render ao ponto de enriquecer com os lucros auferidos. Não tinha esse papo de proventos, a coisa andava como quem compra uma fazenda, uma floricultura ou funda uma sucursal da Igreja Universal do Reino de Deus.

Nesta mesma época devido a pequena dimensão da cidade, o Príncipe Regente autorizou aos poderosos que chegavam de além mar, a mandar desocupar as casas dos “nativos” e nas portas das casas escolhidas aplicavam a marca PR (Príncipe Regente) e ao coitado do morador só restava cair fora. O povo “carioca” sempre levou a fama de ser um tipo alegre e zombeteiro, mas nesse caso se superou e passaram a traduzir PR como “Ponha-se na Rua”.

Atenção, os mais desavisados, não estou comentando os hábitos dos políticos na atualidade brasileira, refiro-me à época da chegada da corte portuguesa ao Brasil, isso nos idos de 1808.

No dia seguinte, 10 de março de 2008, na coluna de Carta ao Leitor o jornal O POPULAR publica a mensagem indignada de Augusta Faro, nobre escritora goiana, sobre possiveis mudanças na 14ª SR- IPHAN e novamente atenção, agora estamos no século XXI:

"Nova direção
Tomei conhecimento de uma movimentação para afastar a historiadora Salma Saadi da superintendência do Iphan, onde desenvolveu um trabalho único e fenomenal, ao longo de 28 anos. É voz geral que, anteriormente, o cargo não possuia a menor expressividade, mas ela soube realçar a importância de tudo o que se refere à preservação do patrimônio cultural nos Estados afetos à superintendência.
Salma conseguiu restaurar incontáveis patrimônios que estavam em ruínas em Goiás, Mato Grosso e Tocantins, deflagrou o movimento art déco, hoje uma realidade consagrada, lutou com unhas e dentes para que a cidade de Goiás obtivesse o título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade - isto à guisa de exemplificação.
Hoje, o Iphan é uma realidade que tem peso, medida, valor e respeito.
AUGUSTA FARO FLEURY DE MELO Setor Marista – Goiânia "


E hoje, no Blog FAXINA GERAL duas notas sobre o INCRA e o protestos dos sem terra. Pasmei!

"12/03/2008 10:49
b) Sem Terra GO
Estão fazendo manifestação em frente à Alego, neste momento, contra a indicação de Rogério Arantes! Prometem não liberar o Incra GO, onde estão acampados, enquanto a situação não for resolvida, inclusive a agilidade na desapropriação de propriedades dos narcotraficantes e ladrões presos que tenham terras em Goiás!
will
comentários(0 ) 12/03/2008 10:41
a) Sem Terra GO
Boatos dos movimentos sociais ligados à terra, ventilam que a indicação de Rogério Arantes para a Superintendência do Incra em Goiás, não teria moral para o cargo por ser ligado ao jogo do bicho e de família que há muito tempo desrespeitam o movimento!
will
comentários(0 ) "

O que acham? Não será hora de começarmos um movimento pela moralização do serviço público?Observem o que aconteceu nos CORREIOS, lotearam os cargos, no que foi mesmo que acabou?

O IPHAN e o INCRA são instituições primordialmente técnicas, e lidam com assuntos que nem sempre agradam os políticos municipais, mas infelizmente para eles e felizmente para a Nação, atuam de forma impar e com trabalho exemplar na defesa do Patrimônio Cultural e do Trabalhador sem terra. E isso dentro do caminho estrito da Lei.

Será que a Salma e o superintendente do INCRA vão encontrar aplicadas às portas dos órgãos onde trabalham “PR”? Definitivamente perdeu-se a vergonha e a dignidade no serviço público.

Os cargos públicos tornaram-se moeda de troca e de barganha, do mesmo modo que acontecia no século XVIII. O servidor público de carreira, aquele que passou por concurso público é tratado como se fosse um bandido, um ser de 5ª categoria por que não entrou no serviço público via “QI” (Quem Indica).

De quatro em quatro anos em todas as esferas da administração pública, os servidores de carreira, concursados, são caçados. A caçada se dá para facilitar o acesso aos cofres públicos dos cargos comissionados – aqueles que trazem nas costas a marca “QI”.

O acesso aos cargos públicos deve se dar via concurso público. E mesmo aqueles onde é livre a nomeação e exoneração, jamais poderiam ser ocupados por pessoas que não tivessem qualquer habilidade ou formação compatível com o cargo.

Ou será que vamos continuar a viver em uma sociedade no século XXI e como os mesmo hábitos do século XVII? Vai gostar de manter tradição errada lá nos quintos do inferno, sÔ!

Chega de políticas de governo e passemos a exigir políticas de ESTADO!

2 comentários:

Anônimo disse...

É lamentável essa notícia de lotear cargos no IPHAN, sabemos que é um local de pessoas comprometidas com o patrimônio cultural, não basta um diploma universitário ou mesmo um padrinho.
Salma Saddi merece todo apoio da comunidade científica.
Margareth de Lourdes Souza - arqueóloga

Deolinda disse...

Pois é Margareth, fiquei pasma quando li a cara da Augusta Faro.
Lotear cargo técnicos não existe, é um absurdo.