Há pratos, mas falta apetite.
Há alianças, mas falta reciprocidadePelo menos desde há 300 anos.
Há o leque – onde os rubores?
Há espadas – onde há ira
E o alaúde nem tange hora gris.
Por falta de eternidade juntaram
Dez mil coisas velhas.
Um guarda musgoso cochila docemente
Com os bigodes caindo sobre a vitrine.
Metais, barro, pluma de ave
Triunfam silenciosamente no tempo.
Apenas um alfinete de galhofeira do Egito
Ri zombeteiro.
A coroa deixou passar a cabeça.
A mão perdeu a luva.
A bota direita prevaleceu sobre a perna.
Quanto a mim, vivo, acreditem por favor.
Minha corrida com o vestido continua
E que resistência tem ele!
E como ele gostaria de sobreviver.
Fonte: PATRIMÔNIO Revista Eletrônica do IPHAN
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