quinta-feira, janeiro 10, 2008

ATACADÃO LITERARIO OU CALA BOCA?

Até parece que foi ontem que o escritor Luiz de Aquino publicou uma denúncia de ação entre amigos, o assunto tinha haver com distribuição de honrarias entre os escritores. Esse tipo de ação é bastante comum e tem escritor que paga caro para parecer que é intelectual, pertencendo a inúmeras academias. O duro é que a maioria escreve, mas haja paciência e disposição de quem, além do autor e familiares, se propõe a ler.

Outros são talentosos e infelizmente soterrados pela política de balcão implementada pela SECULT, acabam sendo jogados na vala comum do "cala boca" de publicações sem revisão e mal acabadas.

No jornal O POPULAR uma boa matéria sobre o assunto, que sugere as suspeitas de favorecimento e manifesta a alegria de membros do "CMC", já declarado ilegal pela justiça goiana.

"Atacadão literário

71 autores lançam livros hoje em coleção da Prefeitura de Goiânia. Quem se inscreveu no projeto teve a obra incluída, segundo Secult

por Rodrigo Alves
São 71 livros que têm em comum somente o fato de terem sido escritos em língua portuguesa. Hoje, a partir das 20 horas, no Joquéi Clube de Goiás, serão lançadas as obras que fazem parte do Projeto Goiânia em Prosa e Verso, da Secretaria Municipal de Cultura. Entre elas, trabalhos inéditos de autores conhecidos e escritores de primeira viagem. O critério de escolha para serem publicados? Terem sido inscritos no projeto. Pelo menos é o que garante a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), que organiza a coleção. “Não foi um processo de competição. Quem se inscreveu teve o livro publicado. Ninguém foi excluído, pelo que sei”, garantiu ao POPULAR o titular da pasta, Kleber Adorno.
O lançamento total custou cerca de R$ 200 mil do orçamento da Secult referente a 2007. O projeto tem parceria com a Editora da Universidade Católica de Goiás (UCG) e está na segunda edição. A primeira, realizada em novembro de 2005 durante as comemorações dos 72 anos da cidade, lançou 40 títulos de variados gêneros. Nomes conhecidos da literatura goiana como Augusta Faro, Lêda Selma, Miguel Jorge, Bariani Ortencio, Brasigóis Felício e José Mendonça Teles figuravam na lista à época e continuam nesta.
Assim como na primeira edição, inicialmente o projeto previa 40 títulos, aprovados já em maio passado. A data para o lançamento era, então, o aniversário de 74 anos de Goiânia. Mas, em meio ao atraso da publicação, mais candidatos apareceram. Em outubro, já somavam 68 obras. Semanas depois mais três retardatários foram incluídos. A impressão dos últimos exemplares atrasou e só terminou durante o Natal. Segundo Kleber, não houve a publicação de um edital ou de um regulamento para a participação na coleção, mas apenas o anúncio do projeto, no início do ano. Aqueles que procuraram a Secult tinham, então, seus livros encaminhados.
“Promover a leitura”Dos 71 livros que serão publicados hoje (veja lista completa nesta página), 14 deles foram selecionados pelo Conselho Editorial da UCG. “Ficamos somente neles, o restante a Secretaria de Cultura escolheu. Fomos responsáveis só pela arte e diagramação”, diz a representante do conselho, a professora Regina Lúcia Araújo. Não faltaram livros dos envolvidos com o projeto. “Isso não que dizer que não sejam autores de bom nível”, afiança Regina. Ela, por exemplo, publica Abraço Quântico e a professora Heloísa Capel, também integrante do conselho, teve dois livros incluídos na coleção: O Morador e Flores: Comunidade Negra. Sua mãe Alice Capel, que morreu na semana passada, aparece na lista com Vidas em Cenas.
O secretário Kleber Adorno também não vê problemas na inclusão de obras na coleção de pessoas que participaram do projeto. “Não estabelecemos nenhum critério de seleção, a não ser de que não fossem livros acadêmicos”, frisa, embora os títulos de algumas das obras da coleção sugiram que se trata de estudos acadêmicos (a exemplo de Estudos Cartesianos: A Formação Acadêmica, de Duelci A. de F. Vaz, e O Ser do Narrador nos Romances de Clarice Lispector, de Maria Teresinha Martins).
Não houve, como ele esclarece, nenhuma leitura prévia das obras apresentadas. Segundo Kleber, a única intenção do projeto é “promover a leitura”, o que, na sua visão, não exclui a possibilidade de que nomes de peso como Gilberto Mendonça Teles dividam espaço na coleção com o do adolescente Lucas Leão Alves (PW – O Mundo Impossível), de 12 anos, filho do escritor Luiz de Aquino, que também participa da coletânea com Poemas de amor e Terra.
Para deixar a miscelânea de livros uniforme, foi preciso dar um rosto comum a todos. O trabalho da Editora da UCG começou em abril, na confecção do projeto gráfico. As publicações, impressas na Gráfica Renascer, prestam homenagem a Frei Confaloni, um dos fundadores da Escola de Belas de Artes, hoje Faculdade de Arquitetura da UCG. Na capa de cada livro, há detalhes de alguma obra do artista italiano.
Pelo fato de terem sido lançados com dinheiro público, os livros não poderão ser vendidos. Cerca de mil exemplares foram impressos para cada título. Desse total, entre 300 e 400 destinam-se às bibliotecas e escolas municipais e à UCG, que fará uma espécie de intercâmbio com editoras universitárias. O restante ficará à disposição dos autores. A iniciativa empolga os beneficiados que ganharam a chance de publicar seus livros.
É o caso de Miguel Jorge. Membro do Conselho Municipal de Cultura, o autor visualiza no lançamento a possibilidade de muitos autores terem a emoção do primeiro livro. “Não houve seleção. As pessoas ofereciam o livro e ganhavam a chance”, reafirma. “Não posso dizer se são bons ou não, porque não pude conhecer todos. Mas talvez seja um bom começo”, emenda. O escritor, entretanto, dá uma sugestão para a próxima edição: separar a coleção em duas, uma chamada Bernardo Élis, para autores conhecidos, e a outra, Yêda Schmaltz, para os iniciantes. "
FONTE: O POPULAR

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