quinta-feira, janeiro 03, 2008

E OS PROJETOS ?

E a saga continua... nada de projeto de educação ambiental e posse responsável, nada de campanha de castração, enfim nada de nada por parte do Poder Público.

Para não dizer que tudo se resume a ZERO, capturaram dois animais hoje e proibiram a alimentação dos gatos.

E enquanto isso ... a Operação Condor do Cerrado prossegue, ninguém assume a responsabilidade com o destino do animais, e ao que tudo indica, apenas as pessoas envolvidas como voluntárias estão preocupados em resolver o caso.

Interessante, pois a Prefeitura de Goiânia tem áreas para doar para Igrejas Protestantes, para a Maçonaria, e isso inclui recursos para manutenção, mas não dispõe de recursos e de área para resolver algo que é OBRIGAÇÃO do poder público.

E quem diria os vereadores, hem? Silêncio total e absoluto, mesmo diante do espacamento de mulheres por policiais, mesmo diante de recurso públicos sendo gastos de modo ineficiente.

Quem cuida de gatos, pelo vistoé muito mal visto, hem?

6 comentários:

Leandro O. disse...

Deolinda,

Obrigado pelo comentário no small demand (http://smalldemand.blogspot.com).

Em nenhum momento disse, e não foi minha intenção dizer isso se assim pareceu, que entidades protetoras dos animais protegiam somente os gatos. Só não conseguia entender essa parte, que agora me ficou esclarecida, de que estas "visam atender os animais DOMÉSTICOS".
Então essas entidades nada tem a ver com os animais silvestres, certo? Essa era a minha maior indagação.
No caso em questão os gatos constituem um problema ambiental (quando dessa situação de grande número) por ameaçarem a fauna nativa do bosque e por isso devem ser removidos. Afinal, eles deveriam estar nas casas de seus donos, uma vez que são DOMÉSTICOS. Aí chegamos à falha do poder público em não punir quem abandona os animais e em não educar a população quanto aos diferentes problemas ambientais, como você mesmo proferiu.
Quanto à sua indagação sobre o bosque ser ou não uma unidade de conservação, eu diria que oficialmente (à luz do SNUC - Lei 9.985 de 2000) o bosque ainda não é uma unidade de conservação, por falta de ação do poder público (novamente).
Porém, independente de formalidades, eu (in my humble opinion) o considero como tal por constituir refúgio para uma quantidade notável de espécies de aves e ainda possuir um remanescente de população de micos-estrela, que são dignos de esforços para sua proteção (inclusive o manejo de espécies exóticas que os ameaçam, como as grandes populações de gatos domésticos).
Você deve conhecer o bosque, então sabe do que estou falando.
Unidade de conservação é só um termo, um detalhe que não faz diferença no final das contas.
Minhas considerações.

Deolinda disse...

Bem observado. O Bosque dos Buritis não unidade de conservação. É um parque urbano, situado bem no meio da cidade, que no plano diretor constava como area de preservação. Atualmente, foi engolido pela invasões milhionárias onde só para lembrar constam: o Tribunal de Justiça de Goiás, a Assembléia Legislativa, a Igreja Católica e o próprio prefeito, morador da Rua 1.
Discordo de você que unidade de conservação seja só o termo, e que não faça diferença alguma, pois em nome desse termo, todos os animais considerados exóticos se transformaram em comida para os leões do Zoológico de Goiânia. O curioso entretanto é que o Parque tem várias construções, e nessa nova "reforma" áreas inteiras foram devastadas para ali serem construídos parques infantis e agora um restaurante.
Onde pode ver que os gatos não são problemas para as aves, mas os individuos que usam de argumentos,teoricamente fundamentados em lei, para fazer aquilo que lhes agrada.
E ainda não soube de nenhum projeto de educação ambiental e de posse responsável, essa era a 2ª recomendação do MP. Para matar os gatos tiveram pressa e para impedir e punir o abandono dos animais? Nenhuma pressa?
NInguém cuida de animais abandonados por que gosta, cuida por que não tem outra forma.

6 de Janeiro de 2008 13:55

Esse comentário foi postado no http://smalldemand.blogspot.com/ que aliás vale pena ser lido.

Leandro O. disse...

Tenho conhecimento dessas invasões consentidas pelo poder público e acho que é fato lamentável, e penso que essas pessoas (entidades) têm que ser punidas de alguma forma pelo crime ambiental. Mas isso aconteceu no passado. Não volta mais.

"Discordo de você que unidade de conservação seja só o termo, e que não faça diferença alguma, pois em nome desse termo, todos os animais considerados exóticos se transformaram em comida para os leões do Zoológico de Goiânia."

Quando disse que o nome 'unidade de conservação' não faria diferença, quis dizer que não importa o que tá escrito na lei, as espécies nativas estão lá e os gatos são ameaça em potencial.
E não concordo com os gatos virarem comida de leão também não. No mundo ideal esses animais seriam todos adotados por donos responsáveis que não os soltariam em áreas verdes remanescentes, que abrigam espécies da fauna nativa. Mas estamos no Brasil, mais especificamente em Goiânia e você sabe o que isso significa.

"Onde pode ver que os gatos não são problemas para as aves, mas os individuos que usam de argumentos,teoricamente fundamentados em lei, para fazer aquilo que lhes agrada."

Não tenho conhecimento de nenhum estudo (com metodologia apropriada) provando que os gatos não afetam a população de aves ou a dos micos-estrela no Bosque dos Buritis em Goiânia. Se você conhece, adoraria apreciá-lo.

Deolinda disse...

Leandro,
Vou responder apenas ao último paragrafo, você conhece algum estudo que demonstre que os gatos do bosque afetam o equilibrio ecológico do local? É certeza absoluta que não existe. Um amigo, uma ocasião comentando sobre a visão de cultura e ambiente em Goiânia teceu o seguinte comentário: a cultura em Goiânia pode ser entendida a partir de dois pontos, os dois museus de arte, um está situado no meio de um brejo e o outro em uma sobreloja, e o que chamam de meio ambiente, se resume um bosque que nem mesmo possui mais exemplares das especies que lhe deram o nome, gansos que figem serem aves raras, patos fugitivos e gatos.
Esse meu amigo é biológo.
Quero com isso dizer que é preciso mudar a mentalidade e o modo de fazer as coisas. Ou acha mesmo que sem projetos de educação ambiental e posse responsável, o bosque ficará livre de gatos?
O que se instalará no local será a matança sistematica de animais abandonados, sem qualquer punição ao cidadão que os abandona.

Deolinda disse...

Leandro, desculpe ai, mas recusei o seu comentários por isso o ctrl+C e CTRL+V.

Leandro O. deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Sobre gatos e homens":

No aspecto cultural não estou apto a falar. Sei que Goiânia é triste nesse aspecto.
Agora o seu amigo dizer que a fauna do bosque se resume aos patos, gansos e gatos, ainda sendo biólogo, é lastimável.
A avifauna do bosque é surpreendentemente rica pra um resto de mata totalmente inserido no contexto urbano. Brincando, já consegui identificar mais de 15 espécies de aves no Bosque. Incluindo espécies de médio porte (Curicacas, Martins-pescadores, Garças, etc) e espécies migratórias que encontram refúgio nas águas dos lagos todo Julho/Agosto como os Biguás. É só dar uma volta lá e observar direito.
Os gansos e patos são exóticos como os gatos. Devem ser retirados.

Deolinda disse...

Leandro, frequento o Bosque dos Buritis desde setembro de 1985, quando recém concursada a prefeitura de Goiânia,trabalhava no Laboratório de Conservação e Restauração Veiga Valle do Museu de Arte de Goiânia. E vi de perto as mudanças que o bosque sofreu nesses 22 anos.
E os gatos sempre estiveram por ali, em épocas passadas, sem vacina, sem vermifugação e sem castração, como é atualmente. O poder público sempre adotou a política da matança e essa solução não contribui para a mudança de mentalidade da população que continua a abandonar os animais ali e em outras áreas. Então que realidade é essa? Se conseque identificar tantas especies de aves, isso significa que há um equilibrio na atual situação? Ou que os gatos são lerdos demais? Por que se depender de algum estudo concreto da AMMA, para proteção das aves,sempre será o caminho mais curto: apontar como culpados os gatos. Entretanto não existe qualquer estudo comportamental desses animais. O que se fala são os habituais, eu acho que ...Nunca se soube de nenhum cidadão pego no ato de abandonar animais domésticos em via pública ou área verde em Goiânia. Na mesma semana que começaram a captura, uma gata e seus 6 filhotes foram abandonados ali. E então, a solução é matar?
Não posso concordar. Sem um ação positiva por parte do poder público no sentido de coibir o abandono de animais, campanhas públicas de castração, vacinação, identificação desses animais nada vai mudar.
E apenas continuarão matando animais de uma especie para teoricamente salvar os ovos das outras.
E o bicho segue brincando com a vida.